O Xicuembo errou
Neste texto, ainda ele corria legível e razoavelmente floreado, antes de caroços de azeitonas se misturarem com frascos vazios das ditas, por sua vez amancebados com tinteiros de níveis indecisos, utilizei, embora contextualizada e por aí amenizando leituras negativas, uma palavra-expressão que mereceu severo reparo dum comentador.
Na primeira interpretação à crítica confesso que não percebi a sua razão e essência, tendo-me até abespinhado com o que considerei de “excesso de legítima defesa”. Mais tarde vim a perceber a sua justiça, reforçada pela actualidade da recente ameaça apocalíptica anti-semita vociferada por (mais) um líder populista, radicalmente fundamentalista.
A minha utilização do adjectivo ‘somítico’, ou ‘semítico’, não foi feita com inspiração em pseudo características rácicas nem com a intenção de menorizar, assim ofendendo, qualquer povo, atribuindo-lhe comportamentos de grupo específicos, aqui com leitura de defeitos socialmente reprováveis aos olhos doutros povos com práticas diversas. Em concreto refiro-me ao povo judeu, a raça judia.
Nunca acreditei em ‘características’ próprias de raças que vão além das tipicidades culturais e das do meio ambiente em que se vive. Para mim é pacífico que um habitante entre trópicos exerça o seu viver de forma indolentemente mais suave que um nórdico, exemplo, por razões exclusivamente climatéricas. Acredito piamente que transplantado para região sua oposta, acontecem com naturalidade adaptações biológicas de ritmo. Que nada há de invulgar – e muito menos de redutor, nos confessos duma religião não comerem certos alimentos. Que é normal os adeptos do azul gostarem do azul, e os do lilás do lilás.
É o meio ambiente e cultural que gera as características de grupo e não quaisquer hipotéticos genes raciais, tribais. As diferenças apontadas como expressivos exemplos por defensores de tese contrária, têm sempre causas explicativas ligadas a hábitos culturais ou condições geográficas. Nunca olhei para o espelho preocupado com xenofobias ou racismos, e também não sou um chato purista que não sorria a uma anedota bem esgalhada que conviva sem mau gosto com a dupla necessidade de sermos capazes de rir com naturalidade, até de nós mesmos, e com o respeito que os outros nos merecem para também no-lo concederem.
Utilizei o ‘somítico’ para definir uma postura pessoal que em mim, ser individual, não reconheço: o do avaro, sovina, candidato a futuro residente mais rico do cemitério. Foi exclusivamente com esse alcance que a minha infelicidade adjectivante aconteceu, e não no de catalogar o povo judeu com isto ou aquilo. Fui leviano e errei de várias formas. Busquei o fácil sem cuidar que há palavras que têm cangas históricas que não se podem ignorar para poderem ser utilizadas responsavelmente. Dessa leveza de utilização nasceu a insensibilidade à colagem do descuido linguístico com a ameaça do incontinente presidente iraniano contra a existência física do Estado de Israel. Em importância de rodapé, ainda utilizei a corruptela da palavra original e não esta.
Há horas assim, é verdade.
Peço desculpas a quem leu e sentiu-se ofendido ou tão só incomodado. Reafirmo que a leviandade do adjectivo está inocente em segundas intenções, designadamente qualquer sentimento anti-semita e sua divulgação. Para além da curiosidade com os seus percursos históricos, no entrecruzar com outros povos, nada há na história particular de cada um que me gere juízos de valor que vão além de considerações sociais e políticas.
Na primeira interpretação à crítica confesso que não percebi a sua razão e essência, tendo-me até abespinhado com o que considerei de “excesso de legítima defesa”. Mais tarde vim a perceber a sua justiça, reforçada pela actualidade da recente ameaça apocalíptica anti-semita vociferada por (mais) um líder populista, radicalmente fundamentalista.
A minha utilização do adjectivo ‘somítico’, ou ‘semítico’, não foi feita com inspiração em pseudo características rácicas nem com a intenção de menorizar, assim ofendendo, qualquer povo, atribuindo-lhe comportamentos de grupo específicos, aqui com leitura de defeitos socialmente reprováveis aos olhos doutros povos com práticas diversas. Em concreto refiro-me ao povo judeu, a raça judia.
Nunca acreditei em ‘características’ próprias de raças que vão além das tipicidades culturais e das do meio ambiente em que se vive. Para mim é pacífico que um habitante entre trópicos exerça o seu viver de forma indolentemente mais suave que um nórdico, exemplo, por razões exclusivamente climatéricas. Acredito piamente que transplantado para região sua oposta, acontecem com naturalidade adaptações biológicas de ritmo. Que nada há de invulgar – e muito menos de redutor, nos confessos duma religião não comerem certos alimentos. Que é normal os adeptos do azul gostarem do azul, e os do lilás do lilás.
É o meio ambiente e cultural que gera as características de grupo e não quaisquer hipotéticos genes raciais, tribais. As diferenças apontadas como expressivos exemplos por defensores de tese contrária, têm sempre causas explicativas ligadas a hábitos culturais ou condições geográficas. Nunca olhei para o espelho preocupado com xenofobias ou racismos, e também não sou um chato purista que não sorria a uma anedota bem esgalhada que conviva sem mau gosto com a dupla necessidade de sermos capazes de rir com naturalidade, até de nós mesmos, e com o respeito que os outros nos merecem para também no-lo concederem.
Utilizei o ‘somítico’ para definir uma postura pessoal que em mim, ser individual, não reconheço: o do avaro, sovina, candidato a futuro residente mais rico do cemitério. Foi exclusivamente com esse alcance que a minha infelicidade adjectivante aconteceu, e não no de catalogar o povo judeu com isto ou aquilo. Fui leviano e errei de várias formas. Busquei o fácil sem cuidar que há palavras que têm cangas históricas que não se podem ignorar para poderem ser utilizadas responsavelmente. Dessa leveza de utilização nasceu a insensibilidade à colagem do descuido linguístico com a ameaça do incontinente presidente iraniano contra a existência física do Estado de Israel. Em importância de rodapé, ainda utilizei a corruptela da palavra original e não esta.
Há horas assim, é verdade.
Peço desculpas a quem leu e sentiu-se ofendido ou tão só incomodado. Reafirmo que a leviandade do adjectivo está inocente em segundas intenções, designadamente qualquer sentimento anti-semita e sua divulgação. Para além da curiosidade com os seus percursos históricos, no entrecruzar com outros povos, nada há na história particular de cada um que me gere juízos de valor que vão além de considerações sociais e políticas.
4 Comments:
Gostei muito do teu texto, Gil! Quanto à palavra somítico, confesso tê-la usado, por vezes,ignorante da sua origem. Mea culpa, que nem sempre me detenho na análise das palavras. Agradeço, por isso, à pessoa que nos esclareceu.
Parabéns, seu escritor com sentido de honra. Nem era precisa tanta humildade. Assim, com tanta galhardia, a dos velhos cavaleiros (cavalheiros), vc merecia integrar a comissão de honra daquele que vai ser o nosso Presidente de Palavra e das Palavras. Só falta derrotar aquele que "nunca se engana" (e muito, para isso, teremos de pedalar). Faremos, então, a nossa festa e, então, teremos o prazer de nos conhecermos (basta estarmos na mesma festa da consagração da cidadania, não havendo cidadania sem a humildade de um paisano com o sentido de honra de ser capaz de emendar a mão). Felicidades. Muitas.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Caro Anónimo: devo uma explicação por estar a responder-lhe um dia depois; passa (também) por muito raramente responder aos comentários, tal como visito bastantes blogues e só 'quando o rei faz anos' é que deixo rasto da minha leitura/passagem. Privilegio a comunicação pela leitura da palavra que se pretende mais reflectida, cuidada, que na esponteinidade do 'comentário'. Será defeito, talvez; até passará por descortesia mas, quem já me/blogue conhece também já sabe que é um dos tais meus defeitos, é feitio.
Mas este, seu, tem de merecer comentário. E que demorou pois, surprendendo-me, levou-me a pensar bem antes de o fazer. Que leu de mim? a página de entrada? quatro ou cinco posts, um esgalhado porque apanhado (por si) com as calças na mão? quem é o Carlos Gil? que vale um livro, ainda a juntar mais, sendo um que nunca ninguém ouviu falar? tem um blogue? pois, e quem os não tem...
Por favor: ou, não sei porquê, quis lisonjear-me, ou está a gozar-me. Potrque a terceira alyernativa não a quero crer credível - passe este 'sei lá o quê' (mas vc saberá), o de, caso por qualquer circunstãncia específica detivesse esse poder de selecção, praticá-lo com este.... leviandade? ligeireza? superficialidade? escolha.
Não estamos a falar na junta de freguesia, na associação dos bombeiros, em minudências onde todos os gatos são pardos. Fala-se, falou, na comissão de honra dum candidato a PR, mais que o cargo há o valor político-emocional desta candidatura específica. E aqui todos sabemos do que estamos a falar. Eu é que não sei nem entendo, 24 horas depois, é do que fala. Quando me casei escolhi para padrinho 'the best man', o melhor que arranjei. A candidatura de MAlegre - ou outra, vá lá, embora com o mal dos outros possa eu bem, diz-se... - tem de, repito: tem de justificar nome e atributos, não é coito de vulgaridade, de anonimatos, talvez boa gente - que todos somos, afinal - mas apenas 'mais um' e que cumoramos todos a nossa obrigação de 'mais um' em Fevereiro.
Poratndo, excluída como aceitará sem dificuldade, restam as outras duas hipóteses. Por favor respeite-me. E, fazendo-o e não acrreando lisonjas injustificadas, está também a respeitar a essência da candidatura de que falamos.
Não leve a mal este comentário, por favor. Nem o interprete como morder a mão que me dá de comer. Há um lado em mim que se babou com a sua apreciação á minha paixão, que quiasera arte, e ao lê-lo gozei dos tais momentos em que sonho que o sonho se materializa, e eu existo. Gabou-me a escrita e, claro! tocou-me no ponto fraco. Pelos momentos de deleite umbigista que essas palavras me deram, estou-lhe muito e muito grato. Mas... o resto não 'bateu'. Pois, o 'comentário' é leviano e impulsivo, ainda há pouco falamos nisso... e este lençol trata dum comentário. Mas, abordando questões como as que alude, extravasa para a tal matéria em que, todos, requeremos mais ponderação.
Em Fevereiro faremos a Festa e talvez então nos cruzemos, quem sabe. Abraço, e sorry pela extensão do arrazoado, até muito possível exageradoi descabimento do mesmo.
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