Xicuembo (versão 3.0)

memórias & resmungos do Carlos Gil

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sábado, outubro 15, 2005

Harry Porter

Acabamos de chegar de Santarém, onde fomos e a esta hora pela razão aparentemente mais estranha: uma livraria. Pois...
Foi lançado à meia-noite o último livro da série Harry Porter e, sabendo que perto de nós havia livrarias e hipers que abriam as portas propositadamente para esta mega campanha de marketing, fez-se esta surpresa à Carla, fiel apaixonada que é pela saga. Não só sabe tudo acerca dos heróis e vilões, via livros, como é feroz pesquisadora via net de tudo o que se relacione com o tema.
Cá em casa tenho-me furtado à leitura das aventuras do pequeno mágico com último recurso ao tal não irredutível e injustificável que o Pai usa quando os argumentos falecem perante a implacável lógica juvenil; então ela voltou baterias e seduções para a mãe, com uma variante que a desarmou do pouco tempo e paciência alegados: lê-los em voz alta, já estando assim aviados via oral dois volumes dos ainda não cinematografados, sendo a coitada poupada aos dois primeiros por já ter visto os filmes – sessão familiar diversas vezes repetida, claro está... Assim, enquanto os refogados apuram ou outros milagres da faina doméstica acontecem, a Carla lê em voz alta e a Paula não pode fazer que ouve e resmungar de vez em quando pois, para garantir que o acompanhamento da trama é seguido com a atenção que merece, há regulares sessões de perguntas sobre pormenores do lido... (ao que me tenho safo...)
Mas este apontamento não nasceu por ideia de retratar publicamente os rigores das leituras familiares sob a batuta do seu mais jovem membro. Para além de toda a publicidade que gira à volta de tudo o que traga a marca ‘Harry Porter’ há um facto que é indesmentível e que hoje presenciei para além do exemplo que temos em casa: a Rowlings pôs os putos a ler, quase um milagre quando o panorama de atracções e seduções está como sabemos. Às onze e meia seriam uns dez à porta da livraria, mas à meia-noite já eram não menos de trinta e, - vi-o pessoalmente, a maioria saía de lá de olhos cravados nas primeiras páginas, lendo em andamento e totalmente abstraídos a tudo o que os rodeava.
Na idade dela – nos nossos tempos... – os ‘Cinco’ eram o sucesso extra-quadradinhos e não existia nada que se parecesse com as campanhas publicitárias que hoje existem. Mesmo as adaptações para cinema passavam por obras mais clássicas, e destas recordo o terno ‘Oliver’ como exemplo master. Que me lembre nunca li o livro mas adorei o filme e quarenta anos depois estou a recordá-lo. Mas hoje lêem o livro e vêem o filme, e a seguir voltam ao papel para confirmar ou criticar a fidelidade da adaptação. Isto deve-se a ‘Harry Porter’, ou melhor à srª J. K. Rowlings. Crescerão e as suas leituras também.
Só por tal, pelos frutos que esta geração pode colher destes hábitos que pela sua criação literária adquiriu, ela merece todas as muitas libras que ganha. É sempre barato se pensarmos no que o sistema escolar, primeiro, e a sociedade adulta, a seguir, ganharam e ganharão com estes hábitos de leitura criados na boa idade para eles surgirem, ou não. Eu que era um descrente militante nesta faceta da sociedade futura, da próxima geração, hoje tenho razões para escrever uma palavra diferente, as letras juntas lêem-se e soam como esperança. Obra duma escritora, nosso prazer adicional.

7 Comments:

Blogger th said...

As sagas não me dizem nada, também na minha idade outra coisa não era de esperar, mas se elas teem esse condão, o de fazerem com que venhamos a ter bons leitores, e como consequencia bons escritores...bam haja Dona Rowlings

domingo, outubro 16, 2005 11:42:00 da manhã  
Blogger th said...

As sagas não me dizem nada, também na minha idade outra coisa não era de esperar, mas se elas teem esse condão, o de fazerem com que venhamos a ter bons leitores, e como consequencia bons escritores...bam haja Dona Rowlings

domingo, outubro 16, 2005 11:42:00 da manhã  
Blogger th said...

Bem haja Mrs. Rowlings!

domingo, outubro 16, 2005 11:43:00 da manhã  
Blogger ELCAlmeida said...

Bom aqui vai disto. Assumo total ignorância literária. Nunca li nenhum livro da saga Harry Porter (a minha ignorância é tal que estava a escrever Henry Potter). Mas que tem fama e, provavelmente proveito lá isso parece ter. Até a Grande Reportagem apresentou ontem uma sobre a vivência da senhor Rolings no Porto qunado professora de inglês e casada com um português de quem teve um filha. Mas, há um que eu não vou perder é o último de Asterix - porque , provavelmente será mesmo o último.
E outro que também não irei, por certo, perder será o 2º. volume do Xicuembo, provavelmente chamar-se-á Xicuembo, as crónicas.
Um fraterno kandandu
Eugénio Costa Almeida

domingo, outubro 16, 2005 10:18:00 da tarde  
Blogger Carlos Gil said...

Eugénio: sobre o último Astérix espreita aqui: http://griloescrevente.blogspot.com/2005/10/efemride.html
A primeira reacção não foi favorável.
Da Rowlings mantenho o que disse: ela pos putos a ler que sem oHarry Porter dificilmente o fariam, e eu prefiro um mundo adulto que tenha hábitos de leitura que o contrário; entendo que a cultura é valia, e a leitura ainda é a melhor fonte de aquisição da dita.
Sobre o Xicuembo... já existe o Versão 3.0, este. Gostava de tentar algo diferente, mas ando meio... temeroso? a precisar de começar mas hesitante no maldito 'como'? sei lá...
No blogue tenho mantido alguma distância em relação a essse tema exactamente por estar a tentar concentrar motivações extra esse tema.

segunda-feira, outubro 17, 2005 1:20:00 da manhã  
Blogger Carlos Gil said...

Theo: tudo o que ponha a ler é bom; claro que estou a assumir que os putos não se vão por a ler coisa diferente do que é o Harry Porter: uns livros de aventuras juvenis muito bem escritos no género, criativos, férteis em ideias para porem as cabeças dos miúdos a sonhar - e a desejar ler mais... um dia lerão outras coisas e acredito!, quanto mais se lê mais criteriosos nos tornamos, buscamos instintivamente mais qualidade no nosso género preferiro, abordado. Os Cinco punham-me a ler sem ser quadradinhos, e depois saltei para Marco Polo, Conde M Cristo, R Crusoé, etc. Aos 19 lia David Cooper e reich e andava com a cabeça à roda, é certo, deveria ter tido melhor gosto; mas também li o Sade - e ainda hoje estou convencido que foi o grande passo dado na minha vida (lol), o farol que me ilumina (2xlol)

segunda-feira, outubro 17, 2005 1:27:00 da manhã  
Blogger Cine-clube Komba Kanema said...

Carlos

A sua filha tem razão. Assim como quem não quer a coisa pegue lá no primeiro volume (pode colocar uma sobrecapa de um livro de filosofia) e leia, que acho que vai gostar.
Eu leio-os todos como os miudos que você viu. É chegarem-me às mãos e vão de enfiada.
O último já o li, em inglês. A chatice é ter que esperar mais um ano pelo último.
É verdade que ela pôs os miudos a ler e os últimos volumes são calhamaços assustadores...
Honra lhe seja que o merece.

Machado

terça-feira, outubro 18, 2005 7:01:00 da tarde  

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