Xicuembo (versão 3.0)

memórias & resmungos do Carlos Gil

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quinta-feira, maio 05, 2005

poesia de Jorge Coimbra

Tenho um amigo que está a escrever um livro, e hoje contou-mo. O Jorge Coimbra, o Jone Chipangua da zona do mesmo nome, Beira, Moçambique. Aos que o lemos hoje e à boa novidade fugiu-nos logo o olho para o poema pois nem o Jone nem o Jorge poupam brios à boa rima, boa poesia. Descaradamente e sem lhe dizer nada puxo para aqui

O LIVRO

Se escrever um dia um livro
Será porque jamais algum terei aberto e lido
Será devido aquele saber, ofendido
E inocente, mas arrogante por me ter vencido

Se escrever um dia um livro
Quero escrevê-lo sem nunca o ler
Quero lê-lo sem sequer o escrever
Quero sofrê-lo por já o ter sofrido
A escrever…

Se escrever, eu, um dia um livro
Seja de capa dura ou de pequeno bolso
Quero que a verdade e a mentira soem a falso
Que passem as duas pelo mesmo crivo
Que tanto uma como a outra tenham o mesmo realce
Pelo percalço de uma à outra terem mentido

Se algum dia, eu, escrever um livro
Vai ter que ser antes de eu aprender a ler
Que não conheça eu palavras para escrever
Que mate qualquer frase antes dela nascer
E que reencarne e renasça antes de morrer
Que exista morto ao invés de sempre desistir vivo
E que morra muito antes de algum dia ter nascido…

É assim que escreverei o meu livro

Jorge Coimbra

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Grande, Jorge!! _ Abraço aos dois, IO.

quinta-feira, maio 05, 2005 6:34:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

Será que estamos a falar do mesmo Jorge que eu conheço? O arquitecto,o pintor, "o gajo porreiro", se for parabéns.

quarta-feira, setembro 16, 2009 11:04:00 da tarde  

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