Sobre o BE, pedantismo e cavaquismo
Um comentário ao post abaixo diz-me coisas que têm de ter resposta: primeiro, que desvalorizo o papel político do Bloco de Esquerda nestas eleições presidenciais, e, em segundo, chama-me pedante e insinua que o meu discurso tem características cavaquistas.
Vamos lá então olhar para estas questões com cabeça fria. Porque a primeira reacção já passou.
O Bloco de Esquerda tem valor. Sim, não é um 'Verdes' que tem medo de sair à rua sem companhia dos mais velhos e autorização dos chefes; o BE submete-se à aferição popular com regularidade e nela tem visto premiada a sua dinâmica parlamentar. Não falsifica a legitimidade democrática. Mas o BE não é um partido que dispute o exercício do poder, sim o direito de ser-lhe oposição, figura também necessária. Tendo-o conseguido, e com brilhantismo - reafirmo para que o anónimo comentador (nem qualquer outro que vire esta esquina) de mim duvide quanto ao apreço que me merece. Até vou praticar uma pequena inconfidência: nas últimas legislativas eu votei 'bloco'. Fi-lo como voto de protesto, não como desejo de a minha escolha exercer o poder. Andei a cuscar resultados e percentagens e decidi o voto após ter conseguido razoável certeza de, no meu círculo eleitoral, ser quase impossível o BE eleger um deputado. Pretendi que o todo nacional tivesse números de vulto, da dimensão do "protesto" que entendia necessário mostrar-se aos partidos que tradicionalmente disputam o exercício do poder. Mas não contribuí, directamente, para a eleição dum deputado BE. Porquê? não vai dar ao mesmo? gaba-se a postura combativa dos que lá estão, mas teme-se que sejam mais? Nem mais. Se o BE crescer ao ponto de se tornar apetecível como partido de coligações, de receber umas secretarias de estado mais tarde um ministério, eu temo(-o) e estarei disposto a votar, lutar, contra ele. É um partido de protesto, de oposição, não mostrou nem mostra qualidades para aspirar a mais. Sendo que, se se modificar, perderá a sua (actual) razão de existir, a sua graça, a sua validade. E o meu circunstancial voto.
Vamos lá então olhar para estas questões com cabeça fria. Porque a primeira reacção já passou.
O Bloco de Esquerda tem valor. Sim, não é um 'Verdes' que tem medo de sair à rua sem companhia dos mais velhos e autorização dos chefes; o BE submete-se à aferição popular com regularidade e nela tem visto premiada a sua dinâmica parlamentar. Não falsifica a legitimidade democrática. Mas o BE não é um partido que dispute o exercício do poder, sim o direito de ser-lhe oposição, figura também necessária. Tendo-o conseguido, e com brilhantismo - reafirmo para que o anónimo comentador (nem qualquer outro que vire esta esquina) de mim duvide quanto ao apreço que me merece. Até vou praticar uma pequena inconfidência: nas últimas legislativas eu votei 'bloco'. Fi-lo como voto de protesto, não como desejo de a minha escolha exercer o poder. Andei a cuscar resultados e percentagens e decidi o voto após ter conseguido razoável certeza de, no meu círculo eleitoral, ser quase impossível o BE eleger um deputado. Pretendi que o todo nacional tivesse números de vulto, da dimensão do "protesto" que entendia necessário mostrar-se aos partidos que tradicionalmente disputam o exercício do poder. Mas não contribuí, directamente, para a eleição dum deputado BE. Porquê? não vai dar ao mesmo? gaba-se a postura combativa dos que lá estão, mas teme-se que sejam mais? Nem mais. Se o BE crescer ao ponto de se tornar apetecível como partido de coligações, de receber umas secretarias de estado mais tarde um ministério, eu temo(-o) e estarei disposto a votar, lutar, contra ele. É um partido de protesto, de oposição, não mostrou nem mostra qualidades para aspirar a mais. Sendo que, se se modificar, perderá a sua (actual) razão de existir, a sua graça, a sua validade. E o meu circunstancial voto.
Nestas eleições, que são presidenciais, a sua presença é exclusivamente para assegurar fins partidários doutra escala de valor e, numa segunda volta, como muleta dum potencial vencedor, que ele não o é.
Vamos ao resto, comecemos pelo pedantismo embora esteja com a ideia que para o ‘cavaquismo’ a resposta sairá englobada: detesto, abomino mesmo, os discursos do "eu acho que", do "talvez, vamos lá a ver", esse cinzentismo luso-depressivo em que ninguém se quer comprometer, dão-se opiniões deixando réstea de porta aberta para se escapulirem se se virem de calos apertados. Chamo-lhes 'os merdas', os que só se comprometem publicamente tratando-se de taras futebolísticas e, às vezes, nem isso. Quando se tem opinião, diz-se-la, não se anda com rodriguinhos à procura de consensos, de maiorias onde se disfarce a pequenez e se escondam os medos de ser-se gente com espinha direita. Quando tenho opinião não a escrevo com verbos em forma condicional mas sim com a outra, a correcta. Eis o meu pedantismo, com orgulho. Mil vezes um erro de ortografia a um de carácter.
Fiz e apresentei contas de guardanapo, soma e tira tira e põe, extraí resultado e fiz a sua leitura política. Sem calculadora e sem quaisquer complexos disse o que penso desses números, sem tocar a campainhas de santos disse ao deus que se demitisse pois, para além de assim a sua figura sair melhor no retrato – mas isso é um problema dele! -, o interesse político da causa que reclama defender assim o exige. Nem sempre somos vencedores e há que dizê-lo a quem não consegue ver que exibe porte mais para o lado do vencido. Para mim as minhas contas estão certas e sobre elas só terei dúvidas se me apresentarem outras contraditórias mas coerentes. As minhas opiniões valem rigorosamente o mesmo que as dos politólogos de coluna com foto. Quando exerço um discurso em registo sério e responsável a minha opinião não se agacha quando entra na arena um palhaço com um laço maior que o meu. Nesse aspecto não tenho realmente dúvidas nenhumas, pois quando não tenho certezas digo-o de forma clara ou calo-me. Se isso faz de mim um tipo com características “cavaquistas” a sorte é toda do Cavaco em ter-me como modelo que o poderá instruir e melhorar. Sou lúcido para poder escrever(-me) assim.
Espero ter sido suficientemente arrogante. Não gosto de me imprimir com tanta cor mas, picado, uso sem parcimónia o tinteiro.
Vamos ao resto, comecemos pelo pedantismo embora esteja com a ideia que para o ‘cavaquismo’ a resposta sairá englobada: detesto, abomino mesmo, os discursos do "eu acho que", do "talvez, vamos lá a ver", esse cinzentismo luso-depressivo em que ninguém se quer comprometer, dão-se opiniões deixando réstea de porta aberta para se escapulirem se se virem de calos apertados. Chamo-lhes 'os merdas', os que só se comprometem publicamente tratando-se de taras futebolísticas e, às vezes, nem isso. Quando se tem opinião, diz-se-la, não se anda com rodriguinhos à procura de consensos, de maiorias onde se disfarce a pequenez e se escondam os medos de ser-se gente com espinha direita. Quando tenho opinião não a escrevo com verbos em forma condicional mas sim com a outra, a correcta. Eis o meu pedantismo, com orgulho. Mil vezes um erro de ortografia a um de carácter.
Fiz e apresentei contas de guardanapo, soma e tira tira e põe, extraí resultado e fiz a sua leitura política. Sem calculadora e sem quaisquer complexos disse o que penso desses números, sem tocar a campainhas de santos disse ao deus que se demitisse pois, para além de assim a sua figura sair melhor no retrato – mas isso é um problema dele! -, o interesse político da causa que reclama defender assim o exige. Nem sempre somos vencedores e há que dizê-lo a quem não consegue ver que exibe porte mais para o lado do vencido. Para mim as minhas contas estão certas e sobre elas só terei dúvidas se me apresentarem outras contraditórias mas coerentes. As minhas opiniões valem rigorosamente o mesmo que as dos politólogos de coluna com foto. Quando exerço um discurso em registo sério e responsável a minha opinião não se agacha quando entra na arena um palhaço com um laço maior que o meu. Nesse aspecto não tenho realmente dúvidas nenhumas, pois quando não tenho certezas digo-o de forma clara ou calo-me. Se isso faz de mim um tipo com características “cavaquistas” a sorte é toda do Cavaco em ter-me como modelo que o poderá instruir e melhorar. Sou lúcido para poder escrever(-me) assim.
Espero ter sido suficientemente arrogante. Não gosto de me imprimir com tanta cor mas, picado, uso sem parcimónia o tinteiro.
2 Comments:
Só para te deixar um beijinho, sabes que meu forte não é politicas. Um 2006 leve para ti e os teus.
Que saudades Tareca... e eu que já julgava que andavas zangada com a net... olha, tens visto o teu correio? há por lá uns dois mails para os quais agurado ansiosamente uma resposta...
Beijão para ti
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