Esqueceste: Mas não conseguimos apagar os olhos das crianças que nos acusam através de risos. A que está atenta, mas nada sabe, sabendo, e que mais sábia se sente mais triste...th
Eu preciso responder a este comentário, aproveitá-lo para contar. Theo, João, acreditem-me. Estou a usar palavras fortes quando digo que a frase esteve lá e suprimi-a. Houve algo que me fez suprimi-la, dividi, pelo que senti: isolei por defesa, de tanto, tantos e de mim. Ser-se um gajo porreiro mas fazer parte do sistema, aos meus olhos hoje desagrada-me, não me chega e acho curto se não se fizer algo efectivo para mudar, e aí eu começo a censurar o que acho de comportamento público insuficiente, reprovo e pouco o disfarço; e, na altura... sei lá eu de mim. Sei o que era: um gajo’ normal’ – à época, circunstância, etc –mais um que vivia na multidão... Não sei se nela me refugiava, pois nunca me senti ameaçado; eu gostei de’lá’, e ‘então’. Aqui neste então é que está o problema, e como primeira defesa vem logo o primeiro argumento de que o meu viver era igual ao do vizinho do lado, cada um com as suas manias, e acrescem as parvoeiras típicas à idade. Mas não lido bem com uma situação de ‘ter sido e não ter sido’, e eu fui colono e também retornado. Ora, há atitudes naturais de grupo, - e sabe-se que se puxa mais para os vícios que para as qualidades, atmbém aliço, - e estatisticamente faz-se parte dum grupo com este nome ou aquele, a quem, percentualmente, se dá características disto e daquilo, rotula e diz se somos dos maus e dos bons, in extremis. É matrícula e interrogo-me sobre se está solta ou aparafusada. Como grupo, claro. Mas foi em grupo, comportamento de grupo, que o colonialismo se implantou de tal forma que, hoje e trinta anos depois, ainda raspa os desejos que se farta, mesmo àquels que nunca o conheceram mas encantam-se com a sua versão tropicalmente cor-de-rosa, assim a puxar para a putice de estar a espreitar maneira de ver outros a pagar a puta da crise que arranjamos. Mas voltando ao ‘lá’ e ao ‘então’, a segunda defesa foi a barreira moral que sabia que dificilmente alguma vez ultrapassara – isto agora já é o ‘pessoal’, dos ‘grupos’ e meu valor estatístico já falamos. Posso ter sido um cabrão como os outros, há quadros a mais onde ‘eu’ contribuí para gráficos, se olhar bem verei as partes onde estou com a matrícula colada aos gráficos. Fodi-as e paguei mal, em afecto e em dinheiro, quando deste se tratava que era quase sempre – ó pra mim, putanheiro militante..., e quando chegava a altura dos insultos muito provavelmente o primeiro não era ‘filho-da-puta’ mas sim ‘preto do caralho’. Fui colono e fui retornado, duas matrículas pois de de dois grupos, e pequenos e grandes comportamento de grupo é inevitável que terão havido, e por isso separei as crianças E lá me arrisco a dizer que sei porquê: está escrito, foi agora escrito. Fui colono e fui retornado, naessas estatísticas eu não estou de lado, muito menos de fora. Foi aí que algo me ‘bateu’, e separei instintivamente as crianças do ‘mea culpa’ que me calhou ao ler o texto do João. Mesmo que no relativo de ‘grupo’, há sempre tanta interrogação sobre a verdadeira extensão da passividade para se ganhar má fama, e justificadíssima.
Como eu gostaria que os Homens de amanhã, de quem hoje são os olhos das crianças, vissem o quão sangrou o teu coração ao escrever as palavras da tua como que confissão, que não é tardia porque se está sempre a tempo de se ser justo, até porque "ao" tempo e "lá" era difícil, senão impossível fazer "futurologias", principalmente na idade em que é obrigatório viver o presente. Só espero que o teu "desabafo" tenha sido depurador e possas um dia olhar os olhos das crianças, daquelas crianças, e sorrir em Paz...um beijo de quem agora vê porque razão e sem saber porquê é tua Amiga, theodora
Bons tempos, isso sim. Bons tempos... Que saiba, todos Vocês são brancos e todos falam com muito saudosismo da Vossa África e dos Vossos pretos. Ou muito me engano ou parece que Vocês também foram colonialistas.
Ainda estive para responder 'à letra'. Mas sou bruto, eu conheço-me. Assim faço-o em privado para os que, identificados, tiverem dúvidas de interpretação ao que disse, e também àquilo que agora me travei de escrever. Para: carlos_gil@infolara.com
Calma, Carlos. Olha, eu às ratazanas de sarjeta quando aparecem sem mostrar o focinho, apago-as. E nem lhes dou o direito a que me irritem. Adiante. Quanto ao teu "esclarecimento", digo-te que se te "fez bem o desabafo", o meu post, só por isso, valeu a pena. Mas, sabes, sobre isso tenho uma posição muito clara - desde que não se tenham as mãos sujas com sangue (e há quem as tenha - ex-pides, torcionários, agressores, etc), a vida foi história e circunstâncias. Só não há é que virar a história de patas para o ar. E conheço-te o suficiente para saber que só foste "colono" na medida em que foste "puto". E que tens uma dignidade comprovada na forma como teces os teus laços com essas duas pátrias em que a vida te meteu em vai-e-vem. E por isso mesmo é que não aceito que não metas a frase em que falo das crianças. Tu és daqueles a quem esses risos não ofendem nem provocam. Que mais não fosse, o teu Xicuembo bem merece esses risos. Abraço.
Também eu fui colono, lá nascido, e retornado a terra nunca vista. Passado estes anos me pergunto quando será que os de lá e os de cá, (pois parece que há herança psicológica)se deixarão de fazer e desculpar no libelo de vitimas e tomam o seu destino na mão e assumem as suas responsabilidades e culpas? O mundo tem muitas realidades. Tantas quantos os seres humanos que nela habitam.
Pois e,esta na moda passarmos o tempo a pedir desculpa do que, na maior parte do tempo nem sequer somos culpados,direi mesmo que nao eramos conscientes,poque nao fomos educados ou simplesmente porque era o que se fazia naquela epoca. Que teria sido a historia se rebobinasemos o filme e nao tivessem os nossos antepassados,fasse ao mar decidido partir a descoberta?Nao sei se a sorte desses africanos teria sido mais digna,era o que se fazia nessa epoca e nao nos devemos sentir culpados da mentalidade que outrora havia.Porque outras barbaridades se faziam e nao por os mais idiotas,por exemplo :A inquisicao,vos parece justa?Hoje falar na pena de morte parece um sacrilegio e era noutros tempos bem natural e alias ainda o e em certas partes du mundo.As barbaridades de uma epoca nao tem o mesmo sentido numa epoca diferente mesmo se as consequencias para as vitimas essa efectivamente e a mesma. Para concluir direi nao sou culpado do mau colonialismo nem da maneira como certos povos foram tratados,porque simplesmente daqui a alguns seculos alguem podera dizer que certos actos que fazemos hoge seijam considerados barbaridade e nos no dia de hoje nao somos conscientes.
9 Comments:
Esqueceste:
Mas não conseguimos apagar os olhos das crianças que nos acusam através de risos.
A que está atenta, mas nada sabe, sabendo, e que mais sábia se sente mais triste...th
Eu preciso responder a este comentário, aproveitá-lo para contar. Theo, João, acreditem-me. Estou a usar palavras fortes quando digo que a frase esteve lá e suprimi-a. Houve algo que me fez suprimi-la, dividi, pelo que senti: isolei por defesa, de tanto, tantos e de mim. Ser-se um gajo porreiro mas fazer parte do sistema, aos meus olhos hoje desagrada-me, não me chega e acho curto se não se fizer algo efectivo para mudar, e aí eu começo a censurar o que acho de comportamento público insuficiente, reprovo e pouco o disfarço; e, na altura... sei lá eu de mim. Sei o que era: um gajo’ normal’ – à época, circunstância, etc –mais um que vivia na multidão... Não sei se nela me refugiava, pois nunca me senti ameaçado; eu gostei de’lá’, e ‘então’. Aqui neste então é que está o problema, e como primeira defesa vem logo o primeiro argumento de que o meu viver era igual ao do vizinho do lado, cada um com as suas manias, e acrescem as parvoeiras típicas à idade. Mas não lido bem com uma situação de ‘ter sido e não ter sido’, e eu fui colono e também retornado. Ora, há atitudes naturais de grupo, - e sabe-se que se puxa mais para os vícios que para as qualidades, atmbém aliço, - e estatisticamente faz-se parte dum grupo com este nome ou aquele, a quem, percentualmente, se dá características disto e daquilo, rotula e diz se somos dos maus e dos bons, in extremis. É matrícula e interrogo-me sobre se está solta ou aparafusada. Como grupo, claro. Mas foi em grupo, comportamento de grupo, que o colonialismo se implantou de tal forma que, hoje e trinta anos depois, ainda raspa os desejos que se farta, mesmo àquels que nunca o conheceram mas encantam-se com a sua versão tropicalmente cor-de-rosa, assim a puxar para a putice de estar a espreitar maneira de ver outros a pagar a puta da crise que arranjamos.
Mas voltando ao ‘lá’ e ao ‘então’, a segunda defesa foi a barreira moral que sabia que dificilmente alguma vez ultrapassara – isto agora já é o ‘pessoal’, dos ‘grupos’ e meu valor estatístico já falamos. Posso ter sido um cabrão como os outros, há quadros a mais onde ‘eu’ contribuí para gráficos, se olhar bem verei as partes onde estou com a matrícula colada aos gráficos. Fodi-as e paguei mal, em afecto e em dinheiro, quando deste se tratava que era quase sempre – ó pra mim, putanheiro militante..., e quando chegava a altura dos insultos muito provavelmente o primeiro não era ‘filho-da-puta’ mas sim ‘preto do caralho’. Fui colono e fui retornado, duas matrículas pois de de dois grupos, e pequenos e grandes comportamento de grupo é inevitável que terão havido, e por isso separei as crianças
E lá me arrisco a dizer que sei porquê: está escrito, foi agora escrito. Fui colono e fui retornado, naessas estatísticas eu não estou de lado, muito menos de fora. Foi aí que algo me ‘bateu’, e separei instintivamente as crianças do ‘mea culpa’ que me calhou ao ler o texto do João. Mesmo que no relativo de ‘grupo’, há sempre tanta interrogação sobre a verdadeira extensão da passividade para se ganhar má fama, e justificadíssima.
Como eu gostaria que os Homens de amanhã, de quem hoje são os olhos das crianças, vissem o quão sangrou o teu coração ao escrever as palavras da tua como que confissão, que não é tardia porque se está sempre a tempo de se ser justo, até porque "ao" tempo e "lá" era difícil, senão impossível fazer "futurologias", principalmente na idade em que é obrigatório viver o presente.
Só espero que o teu "desabafo" tenha sido depurador e possas um dia olhar os olhos das crianças, daquelas crianças, e sorrir em Paz...um beijo de quem agora vê porque razão e sem saber porquê é tua Amiga, theodora
Bons tempos, isso sim. Bons tempos...
Que saiba, todos Vocês são brancos e todos falam com muito saudosismo da Vossa África e dos Vossos pretos.
Ou muito me engano ou parece que Vocês também foram colonialistas.
Esse Tunes e o C. Gil estao em Moçambique? Plo estilo parecem daqueles que peidam num sítio e fogem para outro. Povinho mais pobre de espirito.
JPLima
Ainda estive para responder 'à letra'. Mas sou bruto, eu conheço-me. Assim faço-o em privado para os que, identificados, tiverem dúvidas de interpretação ao que disse, e também àquilo que agora me travei de escrever. Para: carlos_gil@infolara.com
Calma, Carlos. Olha, eu às ratazanas de sarjeta quando aparecem sem mostrar o focinho, apago-as. E nem lhes dou o direito a que me irritem. Adiante. Quanto ao teu "esclarecimento", digo-te que se te "fez bem o desabafo", o meu post, só por isso, valeu a pena. Mas, sabes, sobre isso tenho uma posição muito clara - desde que não se tenham as mãos sujas com sangue (e há quem as tenha - ex-pides, torcionários, agressores, etc), a vida foi história e circunstâncias. Só não há é que virar a história de patas para o ar. E conheço-te o suficiente para saber que só foste "colono" na medida em que foste "puto". E que tens uma dignidade comprovada na forma como teces os teus laços com essas duas pátrias em que a vida te meteu em vai-e-vem. E por isso mesmo é que não aceito que não metas a frase em que falo das crianças. Tu és daqueles a quem esses risos não ofendem nem provocam. Que mais não fosse, o teu Xicuembo bem merece esses risos. Abraço.
Também eu fui colono, lá nascido, e retornado a terra nunca vista.
Passado estes anos me pergunto quando será que os de lá e os de cá, (pois parece que há herança psicológica)se deixarão de fazer e desculpar no libelo de vitimas e tomam o seu destino na mão e assumem as suas responsabilidades e culpas? O mundo tem muitas realidades. Tantas quantos os seres humanos que nela habitam.
Pois e,esta na moda passarmos o tempo a pedir desculpa do que, na maior parte do tempo nem sequer somos culpados,direi mesmo que nao eramos conscientes,poque nao fomos educados ou simplesmente porque era o que se fazia naquela epoca.
Que teria sido a historia se rebobinasemos o filme e nao tivessem os nossos antepassados,fasse ao mar decidido
partir a descoberta?Nao sei se a sorte desses africanos teria sido mais digna,era o que se fazia nessa epoca e nao nos devemos sentir culpados da mentalidade que
outrora havia.Porque outras barbaridades se faziam e nao por os mais idiotas,por exemplo :A inquisicao,vos parece justa?Hoje falar na pena de morte parece um sacrilegio e era noutros tempos bem natural e alias ainda o e em certas partes du mundo.As barbaridades de uma epoca nao tem o mesmo sentido numa epoca diferente mesmo se as consequencias para as vitimas essa efectivamente e a mesma.
Para concluir direi nao sou culpado do mau colonialismo nem da maneira como certos povos foram tratados,porque simplesmente daqui a alguns seculos alguem podera dizer que certos actos que fazemos hoge seijam considerados barbaridade e nos no dia de hoje nao somos conscientes.
Cumps
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