Xicuembo (versão 3.0)

memórias & resmungos do Carlos Gil

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carlosgil2006@gmail.com

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Lição gramatical

economia nas palavras,
silêncio, ponto e vírgula
(para a contenção usa-se mais o final)
verborreia, verborreia, verborreia.
gritaria
(abuso no ponto e vírgula)
A economia nas palavras
não rima com ilusões
...
gritaria

quarta-feira, dezembro 28, 2005

O 'Nono'

A história do Nono, com mais pormenores nos comentários. Vale a pena ler, acreditem.

terça-feira, dezembro 27, 2005

Viver

É lindo ver dois jovens a arrulharem. Não os olho com inveja ou saudade, é sentimento doutra louça.

Deliciado pelo impacto ambiental faço-lhe o estudo, e concluo que é pura porcelana de ternura.

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Post positivista

É verdade que há os cabrões dos bisextos, os anos que nunca mais acabam. Mas são minoritários, porra.

Bom Natal, e mais alguma coisa

Um bom e bem Alegre natal, muito especialmente a quem foi tão simpático que aqui veio desejar-mo. Como é infelizmente habitual eu não retribuí a visita com registo escrito. Esta omissão nem sequer tem a ver com qualquer aversão especial à quadra, pois a celebração do natal faz parte da minha cultura e sempre com ela vivi. A verdade é que não me sinto à vontade nas caixas de comentários, seja na minha ou nas alheias. É espaço que me inibe, e ao contrário da intenção delas é-me mais difícil escrever lá três linhas do que aqui, num post.
Já ouvi, e por mais duma vez, crítica directa a esse meu procedimento que poderá roçar a exibição da imagem do antipático, para não dizer mais nada. Renovo a explicação que dei nessas alturas e tenho até ideia de já ter falado nisso uma vez, aqui no blogue. Desculpe-me quem nesses silêncios entende eventual falta de consideração: não a é. É pura inibição minha, daquelas coisas que moldam o feitio à visão pública mas que na génese têm origens distintas. Defeito meu, defeito do meu blogue.
Portanto um Bom e Alegre Natal a todos, calados ou não, e façam lá o esforço de aceitarem-me assim, esquisito, meio bicho-do-mato.
Entretanto informo que a puzzia teve correcção.

domingo, dezembro 25, 2005

Conta da época - I - José

José


Era uma vez um vendedor de castanhas assadas, de faces luzidias onde pontificava altaneiro um bigode grisalho cujas pontas estava sempre a enrolar viradas para as bochechas, vermelhas e gordas. Podemos chamar-lhe José para simplificar.

Naquela longa época em que não há castanhas, o carrinho de José era reconvertido para a venda de pacotes de bolachas e de rebuçados, lenços de papel, brinquedos de plástico baratos, aquelas miudezas que pouco custam e se vendem em qualquer local onde passem miúdos e graúdos, gulosos ou ranhosos, também à porta do hospital onde José se estacionava fizesse Verão ou Inverno, houvesse ou não castanhas. Aquele lugar, aquele canto no lado esquerdo do portão principal do parque do hospital, era dele. E todos o conheciam, os funcionários de sempre, as visitas a quem doenças para lá peregrinavam os longos tempos dos internamentos, todos se habituaram a ver o carrinho do José sempre no mesmo sítio, ao “olá senhor José” que lhe enchia a cara redonda num sorriso e lhe fazia o bigode orgulhosamente revirar ainda mais as pontas, “olá menino”, “olá senhora doutora”. Olá, olá, José e os passantes reviam-se amenizados na simplicidade duma coisa simples como o afago dum olá, ali naquele canto do portão que delimitava territórios entre o suave marulhar da vida de todos e o revolto das ondas que por vezes a alguns lacrimejam em dor e sofrimento.

Quando chovia José punha um plástico sobre a banca ambulante e recolhia o farto bigode e o anafado corpo num capote de oleado vermelho com capuz, mas nunca abandonava o seu lugar. Era um ícone do hospital que pedia meças de popularidade à escultura cheia de arestas e enigmas artísticos que imódicos inauguracionais deixaram no largo fronteiro à porta principal do edifício. Talvez o fosse porque José parecia ter nascido naquele local com o aparecimento do hospital. Talvez tivesse presenciado o seu princípio, talvez o seu carrinho fosse alínea do caderno de encargos de quem o construíu, quem sabe não terá visto a primeira ambulância ululante lá entrar com a inicial urgência, involuntário princípio dum corrupio que se alongou no diário; e por ele passado o primeiro bebé lá nascido, envolto nas mantas-dedos ternos de avós, nos braços orgulhosos dum pai. José era conhecido de todos e entendia-se que a todos conhecia, os passos e os nomes, até os humores daqueles que diariamente lhe passavam em frente ao carrinho, olá senhor José, olá hoje bolachas, olá amanhã castanhas, noutras fosse o que fosse pois a sua presença era de permanências indiferentes às voláteis estações, às amenidades e os rigores, aos frios e aos calores. Era José, era todos os dias o olá do senhor José.

Dele ninguém conhecia privacidades, como se a sua vida fosse única, nascendo e morrendo ali à porta do portão principal do hospital, sem vácuos ou segredos. Donde era e onde morava, ou sequer se morava noutro sítio que não aquele seu canto, lado esquerdo do portão principal do hospital. Se tinha uma Maria que o acarinhava ou lhe ralhava, se haviam filhos ou netos que se sentavam nos seus joelhos, gulosos dos pacotes de bolachas e dos aviões em plástico, e de brincar com os seus bigodes enrolando-os em risadas de felicidade que derretem em ternuras os corações dos avós que têm grandes bigodes. Não. Ninguém sabia e confesse-se que também ninguém se indagava. José simplesmente existia ali, era previsível como o dia e a noite, a prata dos seus cabelos casava-se amenizadamente com o edifício onde em tantas janelas assomava a dor e se gritava por esperança, às vezes se debruçava a alegria.

Ao calar da luz e findo o último turno das visitas o carrinho era arrumado com o plástico por cima das delícias, as brasas apagadas quando na altura delas, e ele partia. Numa nuvem de fumo azul e branco, sem dúvida poluente no estridente da vetustez do seu velho motor, mas também sem dúvida encantador pois se não o fosse não deixava aquele rasto mágico até se perder nas lonjuras da avenida. Ninguém sabia se no seu fim virava à esquerda ou à direita, para que lado, bairro, casebre ou palácio José levava o dia findo, embrulhado na nuvem de fumo azul e branco ao encontro da imponderável noite, que braços o aguardavam ou se só existia um vácuo na sua vida até ao dia seguinte, olá senhor José, hoje quero castanhas, amanhã talvez bolachas. Para quê preocuparmo-nos com o inútil, para quê preocuparmos as nossas já cansadas inteligências se José amanhã de manhãzinha estará de novo ali, olá, olá. Olá? Sumia-se no encanto trôpego do velho triciclo de vendedor ambulante, ruidoso e poluente, capaz de fazê-lo evaporar-se com as noites e renascer na aurora do dia – aqui um poeta falaria numa Fénix e coisas assim, mas são coisas que não rimam com as castanhas de José, coisas que o grisalho dos seus altivos bigodes não evoca nem apela, não sendo por isso o seu eriçar menos feliz.

Conto da época - II - Maria

Maria

Era uma vez José e ia Dezembro já longo quando o impossível aconteceu. Naquela manhã em que o negócio era sempre o mais tentador, em que a última das últimas horas leva os esquecimentos a comprarem o que haja para saciar natais atrasados e sonhos reclamantes, José não apareceu. O canto esquerdo do portão do parque do hospital estava abandonado, nu, não havia José e as pessoas estranharam a falta do olá senhor José, olá menina, olá senhor doutor.

Se muitos o estranharam e até foi comentado nos corredores e nas pausas para um cigarro e um café, se houve até quem alvitrasse – injustificadamente, adianta-se desde já – que o senhor José poderia ter ficado doente e até, quem sabe, internado naquele mesmo hospital, a crise da sua ausência soou-se eram cerca das onze da manhã.

Maria vinha semanalmente com o filho à consulta. Nada de grave, acreditava, pese o ar preocupado com que o senhor doutor olhava os olhos amarelos do miúdo, a minúcia com que lia os relatórios das análises. O puto parecia-lhe normal, talvez um pouco magro mas também nunca fora criança gulosa, coisa que faz engordar os meninos mais abonados em dedos sujos de chocolates. Que ele não era, e se não se queixava os seus olhos não enganavam quando fugia à mão da mãe e corriam pelo passeio, brilhantes de excitação, até ao carrinho do senhor José para as bolachas e os chupa-chupas, mão cheia de dedos bons, bons de sujos de castanhas e chocolates.

Semanalmente era assim, às quartas-feiras. Era a sua rotina à chegada, a usança do puto a correr e José sorrir-lhe
- olá Senhor, olá!
- olá Menino, sabia que ias aparecer! bom dia dona Maria não ralhe ao miúdo que ele não incomoda nada!
- como está senhor José, o senhor é um santo, o santo das bolachas e das castanhas!

E riam-se, riam-se todos incluindo o miúdo magro que vinha às quartas-feiras à consulta na mira do chocolate enrolado numa prata bonita ou do pacotinho de castanhas quentinhas. Era o seu placebo e as minuciosas análises não o indicavam mas o coração de Maria conhecia-o. Nas longas esperas pela consulta nos corredores do hospital o miúdo nem parecia doente e tagarelava interminavelmente, os dedos magros agitando a bolacha, lambendo-se no chocolate que se lhes agarrava. Até o médico se surpreendia com a sua vitalidade, quando as sobrancelhas se lhe arqueavam ao ler os novos números que trazia o envelope. Maria sorria, ela sabia.

Nessa manhã ele fez como sempre e ainda não tinham chegado ao passeio e já largava a mão da mãe e corria, corria para o sítio do carrinho do seu amigo, senhor José. Quando chegou ao passeio estacou, imóvel, um pé ainda no alcatrão. Nada. Vazio. Houve um borbulhar de maus presságios nos peitos de quem viu. Quem viu o miúdo estático, a boca aberta donde não saía nem palavra nem gemido, nem ronco nem murmúrio.

O frio da manhã geou o grito de Maria e guardou-o no peito. Estugou o passo, a mão estendida, protectora, como que para amparar um desfalecimento. Também imobilizada no aguardar e sentindo o frio da manhã tentando-a. E o vazio que a todos contemplava, enorme, a asfixia que a ausência deixava. O miúdo estava imóvel, o corpo franzino tremendo na ganga que se abandonava em solidões no passeio vazio, no bolso um envelope.

Adivinhava-lhe o sofrer e, sentindo um aperto no peito, Maria desfaleceu, deslizou na angústia e mergulhou no vazio, a mão estendida ao nada.

Conto da época - III - o puto

o puto

Dizem os eruditos que a verdade fica algures entre a falsidade e a realidade. Se é biologicamente inegável que quem existe nasceu, já os registos desse nascimento só são leitura de crédulos até à curta soleira da desconfiança. Rezam os registos civis que o puto nasceu de parto natural e de pai incógnito, às horas primeiras dum dia vinte e cinco. A mãe, forçosa testemunha e única conhecida, declarou nos registos que era noite já bem negra, talvez o seu meio; quando a vida é vaga vagueia-se o meio, hesitando no não mais errar. Assim, do assentamento consta a meia-noite. Como local foi indicado o bairro mais pobre da freguesia, colónia de migrantes à felicidade, paradouro provisório daqueles que eternizavam desiludidos sonhos. A mãe chamou-lhe Jesus, e assim ficou registado.

Maria nascera em África, e em demanda não sabia bem de quê seguira a fila e entrara num avião, dele saíra em cidades que percorrera ao ritmo da desilusão que se segue ao encanto, aportara finalmente ao bairro e ali vivia há mais anos que de idade tinha o miúdo. O habitual, escadas intermináveis para lavar, precários dias e longos serões de ajuda nas cozinhas, nas aflições também a prostituição. Neste longo terço, algures entre a falsidade e a realidade migrantes nasceu-lhe Jesus, apelido dum sonho perdido que passou a nome próprio do seu nascido efeito.

Naquelas bordas da vida em que nunca há milagres, no pestanejar contínuo pelo sobreviver, o miúdo e a mãe irmanavam-se nos sorrisos que se dedicavam, lambiam mutuamente as feridas do assim viver. Construíam-se felizes. Quando Jesus viu sua mãe Maria prostrada no cimento, nasceu em si uma dor que se sobrepôs à da ausência dos placebos com sabores do senhor José, na sua ainda pequena bula da vida leu as rejeitadas letras pequenas das mais penosas contra-indicações. Amargou-se-lhe o precário existir, pesou-lhe no bolso o envelope da clínica com os últimos números para o senhor doutor ler, cerrou-se-lhe o mundo para além do grito que o seu peito doente soltou. As lágrimas que lhe lavaram a face eram tantas e tão genuínas, que quem ocorreu ao desmaio de Maria não sabia se da caída havia de tomar conta, se do miúdo que era a imagem viva de angústia e sofrimento.

Conto da época - IV - José, Maria, o puto

(por terminar. em breve...)

quarta-feira, dezembro 21, 2005

O gado tem risco ao lado

Volta revolta,
regressa-me
dá-me nãos para ecoar
Uiva céus que incendeiem
apaguem o ruminar
Desalinha-me o risco
solta as madeixas do pensar.
Sê revôlta, não suave
coiceia, bate, esmurra,
rouba-me o pente
este humilhante pastar.

Volta revolta,
cala-me o ruminar.
Desalinha o risco ao lado
livra-me da canga de o pastar

domingo, dezembro 18, 2005

Milhões, dos bons

Ciclicamente, ao ritmo dos astronómicos jackpot’s do Euro Milhões, dou por mim a pensar que me raspava daqui. Depois põe-se a questão de para onde: tão difícil de responder que quanto mais a esperança sobe mais me interrogo, pensamento em tipo de mapa aberto e livro de cheques ilimitado.

Não há mundos perfeitos, ficava cá. Criamos o nosso microclima pois somos gestores do nosso meio ambiente. Fazemos escolhas e cultivamos a melhoria. Se porfiada e acertadamente, melhoramos. Semana a semana aumenta o pecúlio e pode sentir-se um cheirinho de jackpot no ar.

Não é a traquitana perecível que se tem a mais ou a menos que faz aumentar a verdadeira riqueza, que é a capacidade de regeneração. Queremos colectivamente um jackpot do Euro Milhões, Portugal reclama-o, e vamos tê-lo pois dele temos o ambicioso direito dos sonhadores: só é necessário inovar em relação à memória recente e readquirir-se o acreditar, tudo o resto flúi depois naturalmente, incluindo o jackpot. O pensamento positivo que se escapa tão facilmente entre os dedos e faz falta para acertar nas duas estrelas. Os outros cinco números vêm da força de luta da esperança. Ficava cá, em Portugal, pois só aqui se pode merecidamente esperar que o Euro Milhões nos saia. Fazendo escolhas, acertando para triunfar. Dia a dia, acto a acto, também de eleição em eleição de quem é necessário para lugares que se tornaram indispensáveis.

(é isto que quero continuar a sentir. Não me desiluda, Manuel Alegre. Eu quero o meu Euro Milhões, um a um esperamo-lo, um a um merecemo-lo. Em Fevereiro dê-nos o jackpot que merecemos. Para isso continue a acreditar que Janeiro é mero percurso, talvez penoso mas apenas mais um caminho. Há muitos milhares que embora leiam os jornais lêem-se melhor a si próprios, aquele canto onde consigo renasceu tanta coisa positiva adormecida, incluindo a esperança na nacional grande taluda. Você conhece a força do acreditar, continue que não está sózinho!)

sábado, dezembro 17, 2005

Shorty's

Actualizada A Minha Garagem com o fim da série "shorty's" - aqueles carros de chassis encurtado e que os tornam brinquedos de feira, normalmente os que já nasceram curtos. Como exemplo os Fiat 126 e Panda, os R4 e 5 da Renault, muitos Mini e Beetle, além doutros que cresceram crescidotes mas em feliz hora vêm a carcaça encolhida, ganhando nova e especial graça: destes tenho lá um Rolls Royce Corniche, uma Renault Espace, muitas Kombi da VW e algumas americanadas.
Tenho intenção de, a seguir, abrir pastas para os 'Big Foot's', também a maior parte deles miniaturas de nascença mas em quem enxertam sapatos tamanho Gigante de Manjacaze. Recordo este, o já falecido Gabriel Mondjane, pela primeira memória de ver numa montra duma sapataria do Alto Maé um sapato dum tamanho descomunal, com a indicação de que eram uma encomenda especial para ele. Mas tarde e já adulto vim a perceber que o coitado do Gabriel, além de homem doente, foi explorado até ao ridículo de ser exibido em circos, sempre assessorado por mãos hábeis em cortar as fatias do bolo. Mas quando penso nele a verdade é que me vêm à memória os seus sapatos, coisa descomunal para mim, então com uns dez/onze anos ou talvez até menos, e que pareciam de tal tamanho que era impossível algum homem ter pés capazes de calçá-los. Andei atento à oportunidade de vê-lo "ao vivo" o que vim a fazer ainda dessa vez em que ele voltava à sua terra, nem que fosse visita 'artística' em cúmulo de humilhação. Confirmei o elevado profissionalismo do sapateiro. E umas mãos enormes, mas em desproporção com o corpo uma cabeça de tamanho normal.
Bem, dêm lá um saltinho, os vrum-vruns também podem ser um momento de evasão destes tempos tão "densos", denso que seja em Natal de que ainda não senti um mínimo de 'cheiro' no ar - e não perceoi se se anda nervoso de mais no geral ou sou eu específicamente. Tenho lá algumas fotos curiosas. Sendo até muitos de custos de transformação que são inferiores à compra actual dum 'citadino' novo, também penso em como nesta sociedade triste e cinzenta, padronizada até à náusea, é quase impossível ser-se dono dum carro destes e não se ser mais olhado do que, ele, o 'shorty', o bonito dos dois. - Mentalidade de merda, olhem só como anda o meu "espírito natalício"...

quinta-feira, dezembro 15, 2005

"Nini" inocente!

Acabo de ler a boa nova! O piloto Luís Santos, "Nini", foi finalmente declarado inocente. Está preso preventivamente desde Outubro do ano passado. O avião do meu 'vizinho' Varela, esse e como previ desde o princípio, foi apreendido e essa decisão vai dar jeito a alguém ou algum departamento. Ser-se produtor de petróleo não faz esquecer o quanto vale um avião moderno, à borla.
Indemnizações, como é? um ano e picos detido sem razão, quem indemniza o natural direito da vítima do erro judicial? A acompanhar. Até por causa doutro país que eu conheço, onde também se abusa no decretar da prisão preventiva sem sólidas investigações que a justifiquem e fundamentem.

O capacete dourado


Quando me despedi do serviço foi sem ter comprado o bilhete de avião ou pensado o que fazer à tralha, ou seja: sem uma data concreta para dar a cambalhota com aterragem na Europa. Que me lembre durou à vontade mês e meio. O meu pai morrera há pouco tempo e eu utilizava a sua Daihatsu 1000 Station Wagon com o encanto de quem tem carro novo nas unhas, algumas notas no bolso e uma vida para despedir pois já à espera está uma nova que era olhada como uma enorme aventura, uma revolução pessoal profunda. Foi nesse tempo sem horários e com temor ao calendário que aconteceu o que ainda hoje recordo como o ‘fim-de-semana alucinante’. Simbolicamente foi a minha festa de despedida de Moçambique. Poucos dias antes de rumar a Mavalane sem regresso, tive um jantar no hotel Cardoso com colegas e amigos (a foto) mas foi outra festa, outro tipo de grupos em que me integrava. A despedida freak foi no Bilene, naquele fim-de-semana que foi alucinante e termina com capacete dourado.

Como sabe quem se recorda, a juventude laurentina aglutinava-se por grupos, sendo o local de encontro o nome por que eram todos conhecidos. A malta da Casa das Beiras, os gajos da Moçambicana ou do Hotel Universo, os da Teresinha e os do ATCM, da Princesa ou os que ‘paravam’ aqui e ali, era assim que os grupos eram conhecidos. E era normal um ou outro personagem dum grupo fazer um longo estágio noutro, para além das normais incursões diplomáticas para ver que marca por lá se fumava. Considerem como uma imensa nuvem de fumo inter-activa. Foi dum desses grupos - e já não me lembro nem quem nem de onde, que apareceu lá no grupo um puto, assim porreiro como nós mas doutra zona e classe social. Recordo-me que no nosso grupo todos tínhamos motorizadas ou, os poucos que as tinham, motos grandes em segunda ou terceira mão; a ele conheci-o com uma Honda CB 360 ainda a luzir, que pouco depois trocou por uma igual, 360 ‘G’, nova a sair de stand, só porque era o novo modelo daquele ano. Conhecia os sabores das massas no bolso melhor que qualquer um de nós. Tiro a extracção com rigor, e o seu argumento é tão só que os seus pais tinham uma moradia no Bilene, uma casa de praia, que se hoje ainda não é vulgar imagine-se naquela altura... Parecia um conto de fadas quando soubemos que os pais tinham vindo para Portugal e ele ficara com as chaves. E até havia um barco, descobriu-se mal lá se chegou.

A ideia nasceu e tratamos de fazer o avio, as permutas e novas compras, cada um tentando ser original ou apresentar uma raridade ou um prato de fazer extasiar os convivas e deixar o ‘representante’ inchado de orgulho. Cada um levava as drogas todas que arranjasse, lá chegados juntava-se tudo numa mesa, como que para um fim-de-semana gastronómico em que a mesa está sempre posta com iguarias mil. As surumas eram fortemente maioritárias mas a sua variedade de qualidades tornou as tardes e as noites coisa de gourmet. As speedadas eram o constante pois dos Lipo Perdur e coisas parecidas havia sempre umas caixitas desviadas em elaboradas artimanhas, uns drunfos para quem gostasse, acho que houve ácido mas esse nem ali nem em lado nenhum aparecia em quantidades de ‘desbundas’. Com excepção de quando a Anita teve a melhor ideia do mundo, mas essa já é velha e pertence à história undergrund do fim da cidade colonial de Lourenço Marques.

Lembro-me de que fomos em dois carros, eu com a Daihatsu. Na altura tinha a BSA 250 que fora do Luís Kurika, velhinha e embirrenta mas com um look irresistível. A velha companheira Honda já tinha sido vendida, desta vez definitivamente. Antes, houve uma altura em que a vendi mas rapidamente a recuperei. Partilhava com o Luís um apartamento mesmo em frente ao escritório onde trabalhávamos, e na garagem cada um acumulava um carro, ainda a minha Honda 50 SS e o Luís a Suzuki 350 verde que fora do Dominique. Acontece que vendi-a a outro colega, que vinha nela para o trabalho e deixava-a estacionada em cima do passeio para aproveitar a sombra da acácia. A tortura era tão excessiva que baqueei e fiz-lhe uma oferta irrecusável. Bem, se éramos dois carros não fomos para o Bilene menos duns sete ou oito. E, nisto, também se sabe como é. Não vivemos isolados e as noticias sabem-se. Se nas manhãs o dia nascia em suaves ressacas em que se ouvia música melancólica e tentava-se que as próprias moscas estivessem quietas, havia alturas em que a porta não parava. Também com uma mesa aviada daquela forma...

Desse fim de semana alucinante recordo o estranho que era olhar à volta e saber que aqueles dois estão a tripar, eu no bringdown do speed, e aqueles ali no canto nem sei bem o quê mas estão também com um saudável ar de janados: está tudo a fumar jardas de apurado gosto e exótico efeito. Uma orgia sensorial e psíquica. A única restrição que havia era a de que para o barco ninguém podia ir a tripar.

O capacete dourado entra na história no regresso, e dá o nome ao texto porque foi dele que me recordei quando se motivou este escrever de memórias. Era o meu, e na cidade raramente o utilizava a não ser que fosse noite a puxar para o fresco, ou em viagem. Coisa bonita, dourado e de aspecto racing, foi carote. A mota era a menina dos meus olhos e em reparações e extras consumia-me fortemente o ordenado. Ora bem, ou o capacete andava na carrinha ou levei-o para o Bilene sei lá porquê. Na viagem para cá trouxe-o posto naquelas longas rectas que vão até à Macia, mas tirei-o antes de lá entrar. Gozaram comigo à brava, foram uns quilómetros interessantes. Ele merece largamente ser título deste post.

A 21 de Janeiro (1976) tinha entregue a casa ao dono, meu senhorio, o espólio de lp’s e livros distribuído e a mota e o carro entregues. Foi a primeira e única viagem de avião da minha vida. E também nunca mais tive outro fim-de-semana alucinante, nem terei: já não tenho o capacete dourado.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Confissão

Ando cansado da baixa política. As afirmações malévolas ou mentirosas, o diz-que-disse, até a ofensa pessoal que vai além de qualquer justificativo político, renascem com pérfido vigor quando se perfilam eleições na aldeia. Não que no 'resto do ano' isso não aconteça. Só que nestes momentos em que se tiram da arca as esperanças que foram guardadas aquando da última desilusão, estes bafos mal intencionados ainda gelam mais. Que venha Março. Rapidamente.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Post aproveitado dum mail

“...Mário Soares criou anti-corpos nacionais com esta candidatura extemporânea. Está numa camisa de onze varas e, acredito, rezando silenciosamente para que Janeiro chegue e este (seu) pesadelo termine. Porque, Fevereiro, ele já se terá convencido intimamente que, ou é mês vago em compromissos eleitorais gerais, ou, havendo-os, não serão com ele.

Agora está na fase de ameaçar entupir mais o sistema judicial. Foi o que também fez em Coimbra com um militante?/adepto? do Bloco que o interpelou acerca da tal história da bandeira nacional em Londres. Em campanha andar a ameaçar com processos judiciais? que desnorte político completo, que imagem ele deixa no 'seu' eleitorado... Momentos eleitorais são momentos emocionais e ele deveria é tentar inverter essas situações desagradáveis a seu favor, mas nunca andar "de terra em terra" ameaçando com processos judiciais quem o afronte! isso só espicaça ainda mais! não te admires (e ele, e ele!) se os episódios desagradáveis se repetirem pela oportunidade de protagonismo que está a oferecer, assim, aos que salivam por um caixote de sabão e um megafone. Muito civilizado, muito sério e honesto, até elegante na seriedade, mas nunca será assim que ganhará eleições. Aumenta a antipatia, principalmente nos indecisos.

Alegre é a hipótese. O eleitorado é o mesmo, basicamente. Ou seja, numa segunda volta 50% e mais um. Mas sem fazer fugir, ou votar em contrário por pirraça, tantos. Se o PC não der a chapelada eleitoral para a qual já se está a formar a panelinha (Jerónimo não ataca Soares nos discursos; na semana passada 3 propostas de lei PC foram aprovadas pela maioria no Parlamento), ele MS não fica à frente do Alegre. A acontecer e da forma que digo – a traição histórica do PC, ganha umas primárias que não o serão: Cavaco limpa na 1ª volta. Sabes uma coisa? o JAS do Expresso acertou numa destas semanas: a possibilidade real de haver uma "2ª volta" logo na primeira, era os restantes candidatos de esquerda desistirem na última semana a favor do, entre eles, que esteja melhor colocado. Não gosto de 'frentismos' pois são um albergue espanhol e depois a fila de pedintes à beira de Belém teria quilómetros. E é sempre subjectivo qual estará à frente na tal semana before. As sondagens... bem, calo-me, calas-te, todos o fazemos se se tiver de decidir com base nelas. Mas que era, era...

Resta Manuel Alegre. O cheiro de Abril, um Abril moderno e não carunchoso. A cultura e a sensibilidade. Após este processo, também uma inquestionável independência em relação a aparelhos partidários. Acessoriamente, um claro cartão amarelo a eles, partidos, a todos. Era bom, ganhávamos todos menos aqueles que não merecem (mais) ganhar: a chulice institucionalizada do aparelhismo, boys e afins. No imediato seria já uma lição ao Sócrates: também por aí ganhávamos pois ele não é parvo e percebia a mensagem quando ainda faltam 3 anos para eleições e não um ou seis meses. É também por isso que luto por eleger Manuel Alegre”

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Voto ou sopapo: a diferença da democracia

A IO (felizmente já de regresso ao bloganço) fez eco e deixou lamento pela agressão que um candidato à presidência de Portugal sofreu em campanha. Mário Soares.
Presumivelmente por um ex-combatente das guerras coloniais. Certamente por alguém em quem coabitam, instavelmente, sede de protagonismo, ódios recalcados, fantasias de justiceiro, e muita, muita insanidade democrática e parvoíce natural a colar isso tudo.
Deixei este comentário, com promessa de para aqui o transplantar, o que faço:
Acrescentar o quê? nada... nem o merece.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Chega!

O político Mário Soares exige respeito. Saiba ele compreendê-lo e não o pôr mais em causa.
Isto escrito sem lhe ter ouvido uma palavra: os primeiros ecos falam doutra coisa.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Esclarecimento

Para que não restem dúvidas, no segundo post abaixo insurjo-me contra a claque e é a ela que clamo nomes. Ao candidato em que não voto refiro o silêncio cúmplice a esses apoios, e faço a ponte entre essas ambições e erros concretos e mais que infelizes, enquanto chefe do governo. Brutalidades políticas, ver o filme 'ao contrário' e impor em lei de abuso essa visão. Pesos tão diferentes que hoje aquela gentinha anda a esfregar as mãos, a salivar. E não o vejo dizer "não!" É contra isso que me insurjo, quanto a ele. A bordoada pesada é direitinha para essa claque.

Os sentidos do abecedário

Chegou ao pé dela e disse-lhe, os olhos em ânsias de fogo "- Queres ser minha modelo?"
Ela cerrou os seus, raio verde avaliador, e afirmou "- Tu escreves. Nu integral só à terceira página"
(não lhe mexo mais. qualquer vírgula estragava os preliminares)

A boa memória

Cavaco não é supra partidário. É hiper. Para além dos inefáveis compagnons de route remetidos estrategicamente para debaixo dos sovacos há um silent partner que preocupa mais que os outros dois juntos. A vetusta e sinistra Aliança Nacional está presente, encapotadamente presente.

Pessoas de boa memória, que se recordam de qual foi o governo que aprovou as pensões vitalícias aos ex-Pides como se de meros e dedicados funcionários públicos se tratasse. Aquele olhar gélido, intolerante e insensível na sua lógica aritmética quando olha o global nacional, suavizou-se ao olhar aqueles coitadinhos, aquelas vítimas de injustiça social revolucionária. E eles são gratos e têm boa memória. Eles e os seus apaniguados, esse silent partner, preparam-se para se levantar cedinho no dia tal e votar em massa. A velhinha Aliança Nacional, dissolvida formalmente há trinta anos atrás mas ainda viva nas mentalidades saudosistas dos tempos do chicote, ideológico mas também literal. Os seus resquícios, que não andam todos de cadeira de rodas ou embengalados como se suporia. Aos seus indefectíveis confessos por antiga profissão de fé juntam-se os muitos omissos no baptismo de jure mas dela puros militantes por pensamento, de facto pela sua praxis em democracia. Esses não têm a menor dúvida de onde farão a cruz, qual é a sua escolha. Não se vão abster, vão votar porque desta vez o exercício democrático sensibiliza-os. Também porque têm boa memória.

Se concordo quando oiço – disse-o há meses atrás, tentando desdramatizar o que me parecia inevitável antes da esquerda ter um candidato credível e ganhador – que a democracia não está em perigo com a potencial eleição de Cavaco Silva para presidente da república (cruzes, canhoto!), hoje há este pormenor que trás uma nova ruga de preocupação. Não se trata do clássico esquerda-direita, do hoje ganhas tu e amanhã ganho eu, a alternância democrática a funcionar para satisfazer os gregos e agradar aos troianos. É mais profundo. Um candidato à eleição para um lugar público de relevo é mais que as palavras de circunstância que debita no momento eleitoral. É o seu passado, a sua vida pública e as suas acções que respondem por si e são o seu cartão de visita. As convicções de voto nascem aí e não no encenado e enfadonho espectáculo dos debates televisivos ou nos comícios de laivo circense. As palavras leva-as o vento; sabemo-lo e disso passamos o tempo a queixarmo-nos. Sobram as atitudes tomadas quando delas houve vez e necessidade para avaliarem-se caracteres pessoais e posturas políticas. E hoje não haverá saudosista do fascismo que não esteja a afiar o lápis. Também porque têm boa memória.

A onda de euforia que percorre a extrema-direita nacional não é a mera gratidão por ambicionados momentos de galhofa no café do bairro, tal como quando o nosso clube ganha um duelo com um arqui-rival. A profundeza emocional que a levará a fazer fila em Janeiro para votar CS é o miolo dos seus sorrisinhos de prazer antecipado. As velinhas acesas e o incensamento sebastianista. O espírito do vinte-e-quatro abrilista, ora em versão democraticamente eleita. Eu e tantos que afinal somos a razão da diferença, se tal lapa se nos colasse na lapela do casaco rapidamente a escovávamos como se de inestética e embaraçante caspa se tratasse. Cavaco Silva estende o seu silêncio também sobre esta mancha. Como se não houvesse apoios incómodos, se não houvesse votos que são ónus e não bónus. Silêncio que acuso de cúmplice pois há apoios que nunca se aceitam. Não se argumente que os grupelhos organizados ainda nada disseram oficialmente. Não é a mesma coisa que os burlescos esverdeados virem apoiar o camarada Jerónimo. Aqueles, os proto-fascistas, os de boa memória para quem fez bem aos seus, não elaboram previsíveis comunicados cúmplices que, a não acontecerem, fariam explodir de apoplexia senil os verdes balões de ar que adornam a visão pluralista do nosso mundo, versão janelas da rua Soeiro Pereira Gomes. Eles são mais discretos, mas estão presentes. Porque têm boa memória.

É preciso avivar a nossa, tal-qualmente. Recordar que o governo que atribuiu as pensões aos ex-pides foi o mesmo que a negou à viúva de Salgueiro Maia. Que os governos têm rosto e as mãos das assinaturas também o tiveram. Aníbal Cavaco e Silva.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Se eu fosse...

... setubalense andava inchado de orgulho.

sábado, dezembro 03, 2005

Ter a faca e o queijo na mão e ficar com as raspas

Factos:
É-se avalista na compra dum electrodoméstico, uma prestação de 30 € não é paga por isto ou por aquilo, e é feita a comunicação do 'lapso' ao Banco de Portugal.
Tem-se um cheque devolvido por falta de provisão ou atrasam-se os pagamentos dum empréstimo bancário, e o incidente é comunicado ao Banco de Portugal.
Quando se solicita um crédito esses ficheiros do Banco de Portugal são consultados.
Os que têm lá o nome e querem realmente tratar da sua vidinha vão resolver o problema que os levou ao "index" nacional de caloteiros, ou, aceito existirem, de má sorte.
Dúvida:
Ora eu gostava de saber porque raio é que os oitocentos mil contribuintes 'distraídos' e sob execução fiscal, comprovadamente faltosos até improvável prova do contrário, não têm NIF e nome na famosa lista*; se o incumprimento para com o Estado é pouco relevante face ao com o sector privado. Se se quer mesmo que o sr. Silva e a sociedade XYZ, Ldª paguem o que devem.
Os deputados e os juristas que cozinhem a argumentação legal e invoquem o paralelismo dos incumprimentos, o profiláctico da medida, a conjuntura actual, a moralização do cumprimento fiscal, eu sei lá: que pensem mas sem ser 'ao contrário'. Por isso eu pergunto é se querem mesmo.
Futurologia da fácil
Eu acho que o sr. Silva ia a correr pagar os impostos se não pudesse fazer o empréstimo para o popó. E na bicha ia encontrar o sr. da XYZ. Eu acho, e por isso pergunto porquê.
..................
* se as incompatibilidades legais entre um incumprimento fiscal e um privado forem consideradas inconciliáveis pelos doutos, e sendo este "o país dos papéis", que venha mais um: para obter um financiamento acima de, ex. 2.500 €, que venha uma certidão da sua repartição de finanças que diga não existirem execuções fiscais pendentes sobre o 'aflito'. Era que nem ginjas...

A minha garagem - os "shorty"

A vida são dois dias, e destes passamos algumas horas dentro de carros.
Ora bem, sabe quem por aqui passa que uma das minhas paixões são os vrum-vrums. Não só as grandes "bombas" capazes de tudo e mais alguma coisa, mas principalmente aqueles que se distinguem pela sua criatividade, originalidade.
Gosto muito dos carros de chassis encurtado. Curiosamente os maiores alvos desta transformação não são grandes 'banheiras' mas sim os que já nasceram pequenos, mini-carros ou à volta deste conceito.
Dêem uma espreitadela à A Minha Garagem. As novidades que lá coloquei são desta série, chassis curtos, para já em volta dos temas VW Carocha, Mini e Mini Clubman, e o seu irmão Mini Moke.
Quando houver oportunidade colocarei de outras marcas, alguns bens curiosos. Divirtam-se a escolher mas não façam riscos nas paredes da garagem por favor.
E quem tiver fotos diferentes e queira delas fazer donativo à minha querida garagem que não hesite: mandem-mas em mail que eu lá as arrumo ao pé das outras.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

por falar em futebol...

... eu dava umas boas gargalhadas se o Vitória de Setúbal, o Sporting de Braga ou o Nacional da Madeira (ordem de preferência) fossem este ano campeões nacionais de futebol. Ai que dava, dava...

A caça à multa

Antes de ontem fui multado por estacionar a Telma em cima do passeio. Correcto, os passeios são para os peões e as leis para se cumprirem.
Correcto uma porra! Estacionei no único buraco que vi após um quarteirão a 10 à hora na mira dum espaço livre, numa quina que não leva a lado nenhum e que só deverá ser procurada por pedestres que queiram fazer uma mijinha apressada. Aquele canto não é passagem para lado nenhum e não fosse o zelo camarário até cresceria relva no passeio.
Legal, mas imoral. Deixo a nota, ridícula, para lembrar que há disto: excessos de legalidade ridículos, vulgus "caça à multa". Calhou-me.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Este país só ganhará jeitos e brios quando...

... os diários desportivos passarem ao seu espaço natural, de suplementos dos generalistas mais lidos;
... as televisões levarem uma volta de 180º na sua programação, por falta de audiências;
... os estudantes saírem das universidades com hábitos de leitura, a saberem fazer contas de cabeça e a escrever sem ajuda do Word.
O resto virá por decorrência e evolução natural. O cumprimento fiscal encarado como lógico e natural, a educação e cordialidade no trato, o brio profissional, o respeito por quem está acima e quem está abaixo e já agora também ao lado, até penso que a saúde melhorará pois este viver tenso e desconfiado, triste, predispõe o cérebro a não combater as maleitas físicas.
Como consegui-lo? reduzir os acontecimentos à sua real dimensão: as lesões numa equipa de futebol não são mais importantes que umas eleições; um telejornal não é um relato de notícias de bairro por muito lacrimosas que elas sejam, e há certamente coisas mais importantes para preencher o tempo lúdico que ver telenovelas e concursos para atrasados mentais engravatados; ser um fala-barato não é meio caminho para o sucesso, sendo mais vulgar um trafulha sê-lo que alguém bem formado.
Pronto, desabafei. Ando saturado, cansado, triste, desanimado. Não há nem haverá leis ou normais sociais que cheguem à eficiência enquanto a mentalidade não mudar.

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