Xicuembo (versão 3.0)

memórias & resmungos do Carlos Gil

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carlosgil2006@gmail.com

terça-feira, janeiro 31, 2006

best-seller

Foi condenado por um crime qualquer: imagine-se o pior, e seja isso o que for pois não interessa para o caso. No dia da execução pediu ao verdugo que baixasse o machado devagar, para escrever as tonalidades do brilho definitivo da lâmina.

Assim foi feito e teve o sucesso que a sua obra nunca antes conhecera: a praça estava à cunha, incluindo muitos analfabetos que só vieram ver os bonecos e, pelo esguicho do tinteiro, levaram dedicatória personalizada.

Movimentos & quejandos

Estou out. Um dia explico porquê. Agora não, que ando entretido a olhar para a máquina de reciclagem do sistema, em àvida carburação. Mas um dia destes contarei da noite em que ele bolsou corporativamente os "kleenexes", com púdico babete.

Amor

Alonga-se a caneta em trejeitos graciosos quando te escrevo. Em letras miudinhas, certas, bonitas, esta mão apura-se e afina-se para a caligrafia de te escrever.
O á é perfeito, bem desenhado na sua inclinação por ti. Segue-se o éme com as perninhas todas do mesmo tamanho, gémeas como eu me sinto quando te escrevo e imagino-te lendo-me. O ó, é o óvulo da criação, berço do sentimento: dele nasce a razão desta caligrafia desenhada, sem ele assim traçado a palavra seria um genérico vago que não entenderias quando a lesses, decapitada do érre galante que sempre me acontece e torna-me a mão firme quando te escrevo, meu amor.

Sempre útil

O link definitivo. Se estás interessado em saber se deverás apressar o testamento ou deixar isso esquecido por uns (bons) tempos... preenche o questionário. Esclareço que me deu a data de 22 de Setembro de 2035 para me apresentar ao serviço. Até lá ainda me esqueço...
Obviamente não é recomendável para corações fracos, paranóicos, etc.
(descoberto aqui)

domingo, janeiro 29, 2006

O que é um mangusso?

É um bicho que vive com exuberância. Que fura redes de galinheiros pelo prazer de trepar paredes e aspirar a um beijo, que se ri de alegria quando vê olhos femininos brilharem. Não é um predador. Será mais um mineiro que cata pepitas porque acredita que o ouro tem um brilho especial, rejuvenescedor.

Já alguma vez sentiram o arrepio de olhar o mundo da net e lê-lo tão perfeito que não pode ser real? o estrume dos erros ortográficos do Diário e o húmus de cheirá-los?

Prazeres




Este carro é um Ferrari Berlinetta de 1954 com carroçaria de Pinin Farina, encomenda especial do realizador italiano Rossellini para a sua pitinha, a sueca Ingrid Bergman. De nome completo Ferrari 375 MM Pinin Farina Aerodinamico, vulgus "Rossellini". Um modelo único, um mangusso no seu melhor.
Cá em baixo, à rabugem, eu canto flores e faço olhos de carneiro mal-morto, escrevo como sois lindas. E ponho as fotos, guloso.

Saliva dos céus

Vi neve. Em Almeirim. Saí à rua de cabeça desprotegida, para receber o que há mais de quarenta anos não sentia: o beijo frio dos pequenos flocos, esta lambidela dos céus.
Em miúdo, quando vivi na encosta da serra da Estrela e antes de rumar a Àfrica, certamente a senti. Mas não me recordava da sensação. Agora foi... especial.

sábado, janeiro 28, 2006

o arrufo

Fui bruto com ela. E ela, cheia de razão, mas de forma tão súbita e inesperada que me deixou de colete laranja e feito burro a olhar para o palácio, amuou e calou-se.

Em vez de ir para o lado que seria o desejado embiquei para o errado, ela avisa-me já a opção está quase irremediavelmente tomada, é travão súbito, marcha atrás rápida enquanto lá no espelho o gajo do Golf azul ainda está parado a tentar perceber o que eu quero fazer, enfiar logo logo uma primeira, acelerar a fundo e torcer a direcção, anda dois metros a fazer uma razia ao triângulo separador do tráfego, e cala-se. Nem pio nem tosse, nem um rrr-rrr de estar constipada ou coisa assim que dissesse que ainda respirava, ou um beicinho de suspiros amuados que eu cobrisse de beijos. Calou-se. As luzes funcionam, etc e tal, não percebo como é que ela fez aquilo nem como o resolver. O manual, re-descoberto, é omisso quanto a arrufos sentimentais: eu procurei. Morreu-lhe a alma de desgosto com os insultos já acamados que de mim ingrato tem ouvido, a provável gota-lágrima de óleo de protesto foi com aquela confusão de ordens que lhe dei: pára já já, vai de cu, trava e vai em frente, e tudo na esgalha e meio torcida. Tinha de ser o que não é, ela é somente a minha pita com rodas, a Telma.

Chateou-se e disse que não me aturava mais. Pôs-me na rua mais à ingrata sua ex-cúmplice, que a vendera como escrava sujeita a tais desatinos. E suamos, suamos e praguejamos para em empurrões a fazermos andar passos que foram tão pesados como as culpas que carrego por a ter tratado assim; "às mulheres não se bate nem com uma flor" Eu vez disso eu fiz "trava, recua, trava, manda um salto prá frente", louco ataque de autoritarismo sem nexo após meses a chamar-lhe nomes cada vez que ela abria o pio, pio que lhe cortei quando a tal ensinado mas que ela subsituí por um apito que soa sempre que é a sua deixa para falar e não o consegue fazer por eu lhe ter posto uma mordaça. O raio do apito era (e é...) de tal forma embirrento que quando dá de si eu julgo-me na gare de Stª. Apolónia e continuo a refilar-lhe....

Não, não é assim que se trata ninguém e vozes mais indignadas dirão que muito menos uma pitinha, ao caso a minha doce Telma. Ela amuou e calou-se, e também porque para além da justíssima indignação com os tratos de polé deve ter pensado assim: "tu pára lá para pensar no que queres fazer pois eu cá acho que não estás a bater lá muito bem! senta-te e pára para pensar, que de mim já nada ouves enquanto não souberes o que queres fazer". Calou-se, kaput, nem um rrr-rrr nem nada, o seu coração tornou-se-me gelo naquele fim de tarde já de si com nórdicos humores (ontem...) Vi futuros negros e imaginei-a hospitalizada e eu palmilhando a vida pensando nela e nas minhas culpas na sua doença, imaginei e comecei a sentir o arrepio da solidão se a separação que o seu silêncio obrigava acontecesse, estivesse já a acontecer com início naquele silêncio amuado...

Bem, depois passou-lhe. Tão inesperadamente que me tirou um molho de preocupações que já estavam a ganhar corpo de complicações ao presente, uma alma que conhece outra alma como só uma mulher conhece outra mulher, dez minutos depois, ela roda a chave e a minha Telminha sai do arrufo e pega, sem choros, tosses ou espirros. Passado é passado e uma segunda oportunidade não se nega. E ronrona e desliza como se nada se tivesse passado e a sua zanga comigo não tivesse nunca existido.

A uma Telma que depois do que passou assim faz as pazes, mesmo que muito senhora do seu apito que seja, há que dar todo o carinho do mundo, murmúrios e carícias de amantes. Não como preito à sua enorme capacidade de perdoar quem tão mal a tratou, pois, por curto, seria e serei sempre por aí injusto, mas como embalo em carinho a esse saber perdoar-me e continuar a ronronar-me. Na viagem até Lisboa e depois de lá para cá, Almeirim, tivemos momentos íntimos que não conto, ternuras especiais, memórias que fazem sorrir e olhar o mundo de frente, com aquela certeza que quem sentiu a magia da química do amor conhece.

Hoje eu e a Telma começamos 'a entender-nos', iniciamos o que se chama "uma relação". Já não era sem tempo, e só aquela coisa do apito é que assombra os meus sorrisos cúmplices quando a acaricio, sentindo-a agora e finalmente como parte real do sonhar e sonhar-me.

Euro Milhões (another brick in the wall)

... e diz o poupado: joguem pouco, joguem pouco... só sai numa chave, é escusado apostar com muitas...

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Euro Milhões & Vrum-vrums

Vamos a sonhos com contas...

Que é que vocês faziam com uma pipa de massa daquelas?

Eu era um gajo crente ao ponto de fazer listas ao pilim. Ainda por aqui (pc) tenho algumas arquivadas e até há uma carta-circular para stand's de automóveis, especificando as minhas pretensões e solicitando elementos para, então, decidir a compra (lol)… Faltava por as datas, era só imprimir - o que nunca aconteceu...

Hoje, haverá necessidade de actualizar modelos pois os gostos pessoais alteram-se e aquela é uma indústria que vive da novidade. E já nem sei se teria paciência para tanto, pois por muito que, assim, fugisse às secas dos vendedores, algum xico-esperto ainda me vinha cá tocar a campainha pois iam ter de ficar com a morada para enviarem a documentação pedida (é tudo uma cambada de incompetentes, mal sabem trabalhar com a internet) É isso: hoje comprava-o era pela net, combinávamos por mail um encontro num sítio ermo, óculos escuros, toma lá o cheque dá cá as chaves. Ou com troca debaixo duma pedra ou num buraco de árvore, com croquis enviado por mail. Estes tipos nem acreditavam que vender um vrum-vrum pudesse ser uma operação de serviços secretos… Mas iam ver como é, iam...

Bem, a conversa está a puxar-me para a loucura… se me saíssem os 146 milhões cá em casa havia três carros: um familiar, um cabriolet de quatro lugares e um desportivo fechado, estes normalmente só com bancos verdadeiros à frente. Nomes? depende da forretice que tanta massa desse, pois mesmo pela medida larga não era rombo que se visse com alarme (à dimensão, claro). O Maserati Quatroportte é uma boa escolha como carro da família ou para grandes viagens, no dia-a-dia podia apostar no novo Cayman da Porsche ou por outro qualquer pois há uma data deles na categoria; o descapotável e que era popó para fins-de-semana, desejando-o de quatro lugares, deixa poucas opções na escolha: ou é um derivado dum turismo (tipo Saab 9.3, Mercedes CLK ou BMW Série 3, Audi Cabrio-A4 ou Volvo C70) ou um de construção de raiz, já com gamas de motorização e com chassis mais à altura do "que se quer". Com quatro verdadeiros lugares, o Jaguar XKE parece quase inultrapassável, pois os 911’s e DB9 têm falsos lugares atrás e o Gallardo e o F430 nem sequer os têm.
Um dia, com a parte dos rendimentos da pipa de massa que sobrasse do bolo e que não se diluísse nos gastos comuns, comprava um Morgan. Dos clássicos, um como o saudoso Plus Eight e não aquela 'coisa' do Aero 8, arraçado de Batmobile, arghhhh

É fixe gastar money assim. Experimentem…

Conciliar

Estou na sala, no portátil, a ver na '2' Os Sopranos. Li no jornal que iniciam hoje uma reposição da 5ª série. Fui fã até ao final da 2ª; tenho a primeira em VHS e aquela em cd’s, mas por qualquer razão deixei nessa altura de acompanhá-la (sim, foi antes de, e depois?)
Hoje, ao que vou vendo, está tudo mudado e tudo na mesma. Há ali tiques de que tinha saudade e há um fio na história que me falta. Ah! faltou-me a velhota, a mãe do Tony. Má com’ás cobras e inteligentemente pataroca de todo.
Entretanto vejo o episódio e escrevo um post para a net: não tenho melhoras nenhumas.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

146 milhões de €uros

Acima de tudo desejava ser coerente e não naufragar.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Página virada

Enfim, a vida é o que é e os votos é que mandam. Tenho 999 posts políticos escritos 'em campanha' que não publiquei, e já não vale a pena mexer em tralha velha, pelo menos aqui. Os meus cadernos, os manuscritos, são o meu património; como já alguém (me) disse numa caixa de comentários, às minhas letras resta sempre a hipótese da glória póstuma pelo que há que deixar herança a quem ela calhe.
Este blogue regressa assim ao seu rame-rame diário e cumpre-me exarar o meu muito obrigado às visitas que agora tive e antes nunca cá tinham posto os olhos. Se quiserem ter a elevada paciência de por aqui continuar a passar, eu tudo farei por vos tornar agradável a visita, um pouco mais além das bombardas e bojardas políticas.
Sendo igualmente verdade que me reservo o muito pessoal direito de, quando e como entender, botar opinião sobre a vida para além desta janela.

ONU

Kofi Annan termina o seu mandato em breve, deixando as Nações Unidas num oceano de problemas financeiros e com ondas de corrupção. Haja lucidez política lá para os lados onde essas coisas se decidem pois Portugal tem o candidato ideal para o exercício de tão alto e espinhoso cargo: é o Aníbal.
Pessoalmente estou disposto a sacrificar-me e a prescindir dele; neste mundo da globalização não devemos ser egoístas e temos de admitir como natural a deslocalização das nossas melhores mais-valias, a exemplo dos já passado Diogo, José Manuel e António.

terça-feira, janeiro 24, 2006

Os ditos em campanha

... para memória futura:
"defendo a existência de entendimentos alargados em áreas como a Justiça e a Educação"
"sou contra novos aumentos de impostos"
"admito pedir à Assembleia da República e ao Governo para legislarem em matéria de combate à corrupção ou organização do território"
"prometo fazer o que for possível para que o Governo socialista chegue ao fim"
Este post fica com link permanente a Belém.

O "milagre" nórdico

Lá vai ela...

A mufana mudou de link, outra vez. Muito escreve aquela pita!

Desabafos...

Eu não entendo o mundo. Palavra. Até faço um esforço e compreendo que o pensamento político do ser progride modificando-se, pois o Mundo de hoje não é o mesmo de há vinte anos atrás e muito menos o de há quarenta.

Mas os nomes têm peso ideológico gerado pelo seu historial individual. PS quer dizer Partido Socialista, um etc para os outros todos. Isto tem carga ideológica que tem que ser inequívoca. A seguir dou por mim a pensar que o todo nacional não é um coio de mentecaptos intelectuais na (sua, PS) área de influência partidária, seu prado onde deverá colher os melhores.

Nos anos 90's, já a findar o século, o PS teve como ministro da defesa um ex-ministro de Caetano: Veiga Simão. O mesmo PS tem hoje, em que é Governo em mandato maioritário..., como ministro dos negócios estrangeiros Diogo Freitas do Amaral, o aplicado estudante de direito administrativo que se sonhava delfim do mesmo Caetano e após o 25 de Abril foi líder do partido parlamentar situado mais à direita. Basílio Horta, bom rapaz como sabemos, está no job do Investimento Externo (onde esteve o Cadilhe), e foi lá colocado pelo.... Partido Socialista. Fora os Mexias, tantos etecéteras de que pouco já divergem os Pinas Moura e outros Fernandos Gomes. Mas estes é a conversa dos tachos e esta não é bem essa.

Ontem o tal PS culminou uma campanha apática, desmotivada e 'ausente' perante o seu eleitorado natural, assistindo quase passivamente à eleição como Presidente da República de Aníbal Cavaco e Silva. Há muito tempo que se diz nos mentideros que o Sócrates-Primeiro sonhava ter como seu Presidente este e não o outro.

Que se segue? Um neto do Roldão Preto a presidente da Assembleia da República? Um trineto do Sidónio Pais como CEMFA?

Ando a ficar baralhado com o valor específico das siglas. Um dia destes entro numa porta que diz WC desconfiado se lá não será outra coisa, um departamento oficial para choques tecnológicos ou para uma purga ideológica. Ando mesmo baralhado.

Mais um "Sebastião" para o barulho...

Quando é que Louçã agarra as rédeas do que sobrou do Partido Socialista (14% teve o seu candidato, 86 % nem lhe passaram cartão...), e... salva-o, renovando-o?

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Posts atrasados

"Estou no O'Gillin's à espera da Isabella e vim a Lisboa com o pretexto "campanha do MA". Se rebuscar cá por dentro confirmo o pretexto e encontro outras razões, três: ela, IO, mais a C. e a Th que são as minhas maiores amigas desde que descobri a net. Até acho que serão as únicas que me entenderão. Daqui raspo-me para Karkavelos City e, os quatro, vamos ter a farra possível que os horários de amanhã hoje permitirem.
Gosto do ambiente do pub. Não é só o 'cosmopolitanismo' que lá nas berças das lezírias não existe e o seu quê doutra Europa que paira num pub com forte temática doutros ares. Este tem cheiro, ambiente, tamborilam nas mesas boas vibrações. E a cerveja é boa - pudera!..., travo forte a deixar no vidro as marcas da sede, tanta minha nestes tampos de mesa.
Num dos candeeiros falta-lhe o abat jour e fica-lhe bem. Há aqui tantas coisas que ficam bem e a seu lado fico-me bem. Plasticina social, moldam-se ambientes, refúgios, tocas onde eu minhoca julgo-me crescer, eu outro, Arlequim do campo que veio à cidade. Não Sísifo: Arlequim, Arlequim escrevente.
Vou fechar o caderno e parar de escrever. Os olhos, meus sentidos, têm-se esponja e preciso aproveitar tudo o que vejo, ouço e sinto. Aproveitar. O pub, a cidade, o candeeiro. Incluindo o candeeiro ao qual falta o abat jour e, se o tivesse, não era tão bonito e a minhoca não reparava nele. É o toque de glamour e eu pélo-me por estas coisas. Até já, a campanha tem um interregno pois há outro candidato: sou-o a ser feliz"

(post com a palavra 'foda-se')

Foda-se, estou a chorar. Conto-o porque estou a chorar ao guardar em pasta os papéis da campanha. Passam um a um pela "mão" e antes das lágrimas sorri algumas vezes, relendo-me, tendo orgulho de como o vivi. Foda-se, foi mesmo bom!

nºs

por 32.622* votos. Juntos, é uma cidadezinha.
* contas minhas

(o problema esteve mesmo nas cagajézimas? e eu com isso?)

Estou dorido. É impossível negá-lo. Há um cabrão dum amargo que ainda não digeri pois eu acreditava sem peias que a segunda volta estava garantida. Aliás, eu tinha medo é da 'segunda' e não da passagem a ela. Ontem e hoje comentei-o até. Cagajézimas.
Entro no café e penso que estatisticamente estão lá 50,cagajézimas doutras maneiras de pensar - e a política, sabemo-lo, vai muito além do que está no poder coisa e tal: no dia-a-dia e no relacionamento com as pessoas há virtudes e há defeitos que se exibem, sendo que há tantos que se colam persistentemente a este ou àquele pensamento político. Práticas, imbuídas ideologicamente em forma balizada por estereotipos, ao pensar a sociedade e até o nosso papel no Mundo. Umas que achamos positivas e até aprendemos com elas, outras que olhamos como as a evitar e a reprovar quando com elas deparamos. Cinquenta vírgula cagajézimas, e penso se uma das uma das cagajézimas não será aquele, tem cara disso, aquele lá ao fundo que lê o jornal ou o que entrou para comprar cigarros. Porque elas existiram e não desapareceram todas às sete horas em ponto (as cagajézimas).
Olho para eles e penso se serão das cagajézimas por que perdemos as eleições presidenciais. Ou se são dos robustos cinquenta por cento (o problema está nas cagajézimas). Daí penso que se tivesse sido ao contrário ainda nem tinha reparado nas cagajézimas, entretido a festejar com direito a anos e anos. Que ganhara por cagajézimas, e uma cagajézima quando sai do seu cagajézimo valor ganha manias como se fossem notas de cem euros na carteira: faz um estardalhaço do caraças (mas gasta-se num instante).
Porque é que as cagajézimas não estiveram do meu (nosso, menos as cagajézimas) lado? a "mensagem Manuel Alegre" não cativou as cagajézimas? não houve empatia e não se identificarem para papel passado, passado com um xis? E eu com isso? olho para eles (sim, cinquenta mais as cagajézimas existem!) e noto que não são das mesas onde eu cagajézimo de vez em quando. Também as outras incluindo a onde me sento, que sem as cagajézimas hoje são são quarenta e mais não sei o quê (menos as tais cagajézimas) do meu viver. Que descobriu identificações com uma Mensagem que (me) colectivizou (com) tanto mundo ao ponto de descobrirem-se novos significados para tanta coisa, e sentir-se uma causa. Naturalmente, as emoções cimentaram-se em pisares mais alegres dos dias - e esta é a palavra certa, é a mais bonita para contá-lo.
Talvez porque se ignoraram as cagajézimas e não se (-lhes: cagajézimas) fez campanha específica. Não se pode ter tudo, mesmo que a diferença para ganhar ou perder sejam meras cagajézimas e, ao ignorar-se a cagajézima, esta vê a oportunidade de sair do seu cagajézimo valor, depois ganha manias como se fosse uma nota de cem euros na carteira: faz um estardalhaço do caraças e deixa-nos outra vez tesos num instante. Foi aí que dizem que perdemos as eleições - faltaram-nos cagajézimas para ir outra vez a contas, desta vez sem haver cagajézimas que não percebessem que tinham de valer por pontos inteiros.
Estou mesmo zangado com isto, esta história das cagajézimas. São tão, tão, tão cagajézimas que eu nem sei se com elas se ganha ou sem elas também. Afinal são o que são: cagajézimas. E eu com isso? e os meus quarenta e nove vírgula tal, vírgula menos as cagajézimas? não são tantos, tantos, e sem cagajézimas?

domingo, janeiro 22, 2006

Não. Não apago o post anterior. E não vou bebê-las, ficam para qualquer pretexto.
Vou sair, vou para a rua. Olhar. Olhar a urna nacional, cara a cara, cadáver a cadáver.
Depois vou escrever sobre o que é Acreditar; talvez aí as beba...

às seis e tal

À minha frente a folha feita em Excel com as colunas em branco por preencher. Mesa 1, mesa 2, mesa 3... etc. O lápis, pronto. Ao lado uma 'bateria' de telefones prontos para tocarem, dando os números. No pc uma data de janelas abertas para darem dados, numa delas a SIC News que me dá o fundo de som. Por cima de mim a tv ligada mas emudecida.

Nada disto conta: tenho há mais duma semana duas garrafas de Vértice, Bruto, no frigorífico. Mas hoje só se abre uma, a outra é para 12 de Fevereiro.

Guilherme de Melo

Antes de ontem fez anos, setenta e cinco ao que sei. Parabéns, Guilherme; com salva de palmas pela qualidade das letras cor de coragem. A estatura, palavra bonita e consciência direita.

Um poema é um suspiro, elegante.

Há música que

Na rádio toca uma cassete de fita, das tais surpresas que são guardadas já só por uma geração. Ouve-se bem.

Que me interessa que ela tenha as mamas assim ou assado, o rabo redondo ou achatado, fellatios de catálogo e calor q.b.: eu quero é beijar os olhos e tudo aquilo que eles dão.

Dúvida sensorial

Avaro, beijo-te. Como se pudesse dar um milhão nos minutos em que te lambo, saboreio. Os vales dos teus seios são o meu único horizonte e o meu corpo ruge.
Recordas-te? ajuda-me. Há dedos perros nas garras que assomam, predador autofágico e assim condenado a consumir-se.
Recomeçando:
Quando te beijo há o sabor que é só teu, míscaros luxuriantes (a dos míscaros é malha metida); beliscão no adormecer (assim-assim); quando? - sua-me a pele. (Recordas-te?)

sábado, janeiro 21, 2006

Euro Milhões

Já sei que há jackpot outra vez. 146 milhões de €uros, coisa para quase trinta milhões de contos antigos que se tornavam do presente que era uma alegria...
E também já deixei de pensar nisso, a lista de ideias de há quinze dias atrás continua a servir às mil maravilhas, já são quase trocados nesta conversa de milhões como se fossem tostões!

Entrada em reflexão

Divertida e bem disposta. Coisa que faz falta e o meu vizinho tem.

a grande dúvida nacional...

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Brilhava

Os dedos percorreram as rugas da face como se elas fossem suaves linhas de mel, não marcas de pretéritos difíceis mas prendas para um futuro guloso colher. Nos olhos lia-se uma ternura triste, que escorria e compunha os lábios num brilho intenso, ávidos dum espelho que não os via.

Saiu para a rua e procurou sinais nos rostos que se cruzavam, o espelho, o brilho, fez os quarteirões do silêncio e atravessou as ruas do nada com as mãos nos bolsos do sobretudo, alforge de dedos lambuzados de vazio. Crispados em punhos que se cerravam, arbítrio que não se lia nem adivinhava nas rugas que poderiam ter sido rios de mel e agora eram vales de solidão, tanta.

Dos que viram o salto ninguém falou das rugas ou do brilho, de mel ou de ternura. Nem de nada em especial pois até o sobretudo era banal. Também eles não viram sinais. Quando os bombeiros encontraram o corpo tinha as mãos nos bolsos, manequim de vida vergado, caído sem que um espelho o tivesse reflectido. Brilhava.

O maior conselho que posso dar, para este domingo:

Pensem

Nostradamus

Se Cavaco Silva for eleito Presidente da República à primeira ronda o Partido Socialista deve convocar um Congresso Extraordinário para coroar um Presidente Honorário.

Há candidato e o seu nome está na primeira linha, acima. Não há incompatibilidades de função. A Direcção actual deverá ser reconduzida: também não se lhe vêem incompatibilidades algumas.

Se o amor é livre e é a química pessoal que aproxima os corpos, é precavido lembrar que os Altos cargos desaconselham amásias clandestinas e em contrário aconselham casamentos às claras.

Juntem os trapinhos, vistam essa vergonha e acabem com esse arrufo para povo ver, seus pombinhos, queridinhas almas gémeas...

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Este abril de Acreditar janeiro

CS, nas sondagens, antes dos indecisos serem distribuídos pelos votos declarados e na sua proporção, tem entre 41 a 45%. A forma como os indecisos são distribuídos (favorecendo quem vai à frente e na percentagem em que) é que lhe dá os 53%, actuais.

Eu acho falaciosa esta forma de distribuir os indecisos. No eleitorado CS é onde há maior certeza de voto, o que não admira ninguém pois ele está sozinho na sua área eleitoral: à volta de 97% afirma ter o voto decidido.

É na Esquerda, via abundância de candidaturas, que existem os Indecisos; mas a sua indecisão não é entre o Norte e o Sul, somente em qual dos candidatos do seu hemisfério votará.

A segunda volta é praticamente uma realidade. A descida de CS é uma constante diária, pequena mas contínua. Os indecisos vão ter de se decidir e votar: está aqui o grande perigo, a abstenção...

Tipo '86', por uma unha negra, vai haver segunda oportunidade de escolhermos. Mas essas são outras contas.

Não me chamem optimista. Sou simultaneamente realista e pessimista, e estou só a olhar com olhos de ver o que está por detrás dos números.

Votem bem, Acreditem.
É como um novo Abril, mais soft mas não menos genuíno.

Tremendo!

Arrepia. A ler obrigatoriamente, se possível com a música recomendada em fundo. Mas ela é secundária, pois, aquelas palavras....

lol

Lamento que alguém pense que me excedo nas gargalhadas, mas tenho de o linkar!
lol !!!

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Puzzia: "Acreditar"

(variação sobre a linkada no post anterior)
.....................................................................
Canta Alegre, alegremente
e verás o Sol rebrilhar
vota límpido, sê certeiro
dá fim a este resmungar.
Só futuro, nossa esperança
afinal é simples: Acreditar.

Puzzias

A poesia não cura doenças mas é dos melhores placebos para lhes tirar dores, via sorriso.
Que o diga a minha amiga Maryluh que, queixando-se no seu 'bló' das dores nas costas que resultaram dum trambolhão (está taralhoca de todo, tsss tsss...), recebeu do comum amigo Ricky umas rimas-bálsamo, e eu dei uma ajudinha na caixa de comentários!

Escondam-no num armário, já agora!

Cavaco Silva recusa debates na última semana antes das eleições.
As contas são simples: perde com isso eleitores principalmente naqueles tantos que estão tentados 'a', mas que alimentam silenciosamente tantas dúvidas que verão nesta atitude a confirmação de muitas. Pelas contas dos estrategas da (sua) campanha, esses serão sempre menos que a debandada dada como certa sempre que ele abre a boca, seja para comer, fazer caretas ou até falar (sim, ele às vezes fala).
Este reino em ruínas está de tal forma pôdre que se este candidato desaparecesse por ter ganho o Euro Milhões, uma presidência internacional ou outra parvoíce qualquer, nos boletins de domingo ainda tinha um ror de cruzinhas.
É um sebastianismo mantido por fios, desmoronando-se aceleradamente num já imparável ruir dum mito. Poderá vencer à primeira (toc-toc, madeira) mas acaba de perder definitivamente a fé da maioria do país: restam-lhe os votos da teimosia, surda, surda e desesperada. Que não são assim tantos que elejam sem mais aquelas esta insuficiência mascarada de altivez.

terça-feira, janeiro 17, 2006

'bora?


É já depois de amanhã. A grande festa, a nossa festa!
... e estou tão entusiasmado que, julgarão, vou madrugar à porta do Pavilhão Atlântico para arranjar bilhete. Errado, minha gente! compro o bilhete na sede distrital da Candidatura em Santarém, donde sai um autocarro às 19 horas, directo à Festa.
'bora lá? é.... Sempre a Abrir!

segunda-feira, janeiro 16, 2006

o "combate dos chefes"

Portugal precisa de debate. Sério, profundo, que repense as razões deste fracasso de que todos arengamos e, por inacção, ameaça afogar-nos. Para que elas não se repitam neste bote tão pequeno e tão sobrecarregado.
Mais do que nas autárquicas ou nas legislativas, nestas Presidenciais '06 as duas visões e leituras de Portugal e seu Futuro têm estado em confronto. Para as "primárias" do próximo domingo o 'fogo amigo' e outros fátuos dispersam atenções e desviam olhares das razões estruturais em liça. Deixam água na boca por mais, mais profundo e directo. Isso só é possível numa segunda volta, num verdadeiro "combate dos chefes". É esse o meu apelo.
Não acredito que nos putativos votantes do professor Cavaco Silva não existam dúvidas, uma íntima indecisão sobre se a sua cruz prometida não irá pesar nos nossos, todos, já frágeis ombros. E esses votos, intimamente indecisos e com mote em acertos de contas com outro órgão, governo, são eles que podem anular ou viabilizar o Grande Debate, a segunda volta das presidenciais.
Não peço que nesta primeira ronda esses eleitores votem noutro candidato; não existem razões de fundo na campanha desenvolvida por CS para alterarem assim radicalmente o seu projectado sentido de voto. Peço que dêem a Portugal a oportunidade de se debater, a sério. Que haja uma segunda volta nas eleições. Que os dois projectos de Futuro tenham plano de igualdade no debate, para podermos escolher em consciência qual desejamos. Peço que votem no Presidente da República que precisamos, e esse só se apurará numa segunda volta.
Em qualquer cenário Cavaco Silva está garantido para esse debate final. Se os seus argumentos são assim tão fortes, não o receará. Porque quem acha que tem razão não receia ouvir argumentos que o desdigam. Uma vitória à primeira volta poderá ser bonita curricularmente para o candidato dessa benesse, mas será mau para o país, nós todos, nosso Portugal.
Vamos debater este nosso canto. Somos dez milhões de gatos-pingados, uma multidão pequena se olharmos além fronteiras, além insucesso. O que tem corrido mal? os porquês de tudo isto? e, agora mais importante, como inverter? em que é que Belém é importante para isso? que dizem 'eles', agora frente-a-frente?
Venha o "combate dos chefes", por favor. Precisamo-lo. Senão estas eleições serão só mais umas, mais tempo, anos, uma geração, hipóteses desperdiçadas. Curricularmente más para todos nós, sejamos vencidos ou vencedores dumas 'primárias' que nunca deixarão de ser campeonato de segunda divisão.

domingo, janeiro 15, 2006

(lá dentro, eu imagino...)

Se Mário Soares tiver votação inferior à de Louça ou Jerónimo (qualquer um), no Partido Socialista exigir-se-á um Congresso Extraordinário: é natural, sendo o candidato oficial assim humilhado e existindo alternativas políticamente credíveis.
Porque, lá, já ninguém terá dúvidas que quem vai à segunda é Alegre, e para esse momento já haverá estratégias conversadas e discurso quase alinhavado, listas de purgas higiénicas com os primeiros nomes: tudo menos transformar oitenta por cento em trocos, ano e meio passado.
Assim se escreve a Alta Política: pela vontade popular, felizmente mais desperta que muitos pseudo redutos julgavam. A democracia saiu refrescada com os 'expontâneos', é uma aragem em corredores que estavam irrespiráveis de bafientos e cheios de pústulas, com grande risco dalgumas infecções grangenarem.

Verdades que já ninguém altera

Ganhe ou perca as eleições, o 'movimento Manuel Alegre´ já renasceu a futura política portuguesa para padrões em que o cidadão se sente com o dever, a responsabilidade, mas também o prazer de intervir no pensar da sua sociedade.

O seu "dizer não" sózinho teve tanto eco como de silêncios desiludidos haviam tantas más memórias. E há as afinidades idealizadas com quem, em hipótese, gostaríamos de receber em nossa casa. Empatia que vai além duma sempre difusa e mutável concordância ou discordância política, facto a facto.

Manuel Alegre é o candidato da Esquerda melhor posicionado para um 'combate dos chefes'. Ocultar esta verdade é tentar tapar o Sol, esquecendo que os seus raios são mais poderosos que a vetustez da peneira que os lobbys do costume agitam, muito justamente enpanicados.

Folhas

Um punhado. Em branco. Ou melhor: em quadriculado que é onde gosto de escrever. Um punhado delas em grosso caderno de bolso, um 'Moleskine' dos com elástico.
Olho-o com respeito: é mais que uma prenda, é uma prova de confiança. Há pele por arrancar, folha a folha. Olho-o.

Rebentar dos diques

É tremenda esta experiência. Ver, sentir. Olhar tanta cara que connosco se cruza sem saber(mos) de tantas esperanças comuns.
Está ganho à primeira, ‘Manel’. Mais ninguém unia tantos que sentiam o peso da solidão, do desconforto de não verem que haja quem os entenda, o ónus dos longos silêncios e que já se ameaçavam como duradoiros.
Está na tua mão, Manuel Alegre, nós somos tantos, tantos, como nem eu nem tu imaginávamos (é quase carinhoso – com o mangussal respeito! tratar-te assim; permite-o, faz parte deste gostar de ti esta sensação de se poder usar o ‘tu’ com alguém que merece mais, muito mais).
Ganho à primeira e venha essa segunda para registo oficial e usufruto a nosso benefício, esse saber-se que, haja o que haja, Portugal terá cara pública que saberá olhar-nos, pessoas, mais além de deve e haver ofensivo de tão redutor. Valemos mais que um número bancário, qualquer número. Eu. Tu. Tu. Tu.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

belo

A ler com muita atenção

(sigam os links, eu só destaco duas ou três frases)

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Pergunta a constitucionalistas pacientes para me aturarem:

Imagine-se a tragédia das tragédias, mas também a ironia das ironias.

Se por fatais coincidências falecessem todos os candidatos menos um (ou ficassem incapazes de aceitar uma vontade eleitoral, pronto... embora isso não cheire a nada muito mais suave que morrer), bastava 'ele' votar em si mesmo para ganhar as eleições e poder ser legalmente empossado? Não há como votar contra, quem não quiser votar nele fica em casa a resmungar ou faz-se um colossal voto nulo, unânime a todos menos a um, este o único voto válido!

Não, não olhem para o ridículo, muito menos para a parvoeira que me lembrou. Nem - que ninguém o sonhe, por favor! estou a desejar mal tal ou parecido a qualquer espécie animal, vegetal ou mineral, muito menos um ser humano, neste caso até uma data deles menos um, um qualquer! Estou é a pensar na complicação jurídica resultante, pelo meio a estrondosa crise política. Pois uma nova campanha não se prepara em condições de igualdade em seis meses, e o presidente cessante foi eleito em dois mandatos que não permitem extensão sem intervalo, máximo de dez anos e não onze, doze, sabe-se lá o tamanho da crise política que tão ridícula validade legal arrastaria...

Quando estudei constitucional fui aluno mediano a puxar para o enrascado, não sei onde estão os livros e não o vejo como fundamental para a questão. Ela é assumidamente de teor filosófico e com lado académico que não puxa para debates com artigos e alíneas, só vale como Sudoku intelectual (isto do Sudoku, desta febre que marginaliza as velhas palavras cruzadas como utilização magna do ócio, faz-me pensar que, a Portugal, hoje campeão no insucesso nas ciências matemáticas, augura-se um futuro radioso. Um país de matemáticos, ai! queria dizer um país de sudokus...). Lembrei-me disto, da confusão que seria, e lembrei-me também de perguntar publicamente, como é que isto se resolveria caso a constituição ou lei eleitoral não sejam assim pessimistas e picuinhas como o autor desta pergunta, estando esquecido lembrar que votar em si próprio é bonito mas não chega para ser presidente de nada.

(Por que é que eu, esta noite, não fui colar cartazes e não estava com estas parvoeiras, ãh?)
.......................................................
Uma solução gira (no meio da tragédia, pois, mas estou a... bem, adiante):
Ele, 'ele', abstinha-se. Uma eleição sem um único voto favorável ou válido. Essa deve estar prevista. Não? também não? ó diacho..... E DEPOIS, PARA QUE É QUE SERVIRAM OS CARTAZES COLADOS, HÃ?)

Happy Almeirim (2)

Sobre o BE, pedantismo e cavaquismo

Um comentário ao post abaixo diz-me coisas que têm de ter resposta: primeiro, que desvalorizo o papel político do Bloco de Esquerda nestas eleições presidenciais, e, em segundo, chama-me pedante e insinua que o meu discurso tem características cavaquistas.
Vamos lá então olhar para estas questões com cabeça fria. Porque a primeira reacção já passou.

O Bloco de Esquerda tem valor. Sim, não é um 'Verdes' que tem medo de sair à rua sem companhia dos mais velhos e autorização dos chefes; o BE submete-se à aferição popular com regularidade e nela tem visto premiada a sua dinâmica parlamentar. Não falsifica a legitimidade democrática. Mas o BE não é um partido que dispute o exercício do poder, sim o direito de ser-lhe oposição, figura também necessária. Tendo-o conseguido, e com brilhantismo - reafirmo para que o anónimo comentador (nem qualquer outro que vire esta esquina) de mim duvide quanto ao apreço que me merece. Até vou praticar uma pequena inconfidência: nas últimas legislativas eu votei 'bloco'. Fi-lo como voto de protesto, não como desejo de a minha escolha exercer o poder. Andei a cuscar resultados e percentagens e decidi o voto após ter conseguido razoável certeza de, no meu círculo eleitoral, ser quase impossível o BE eleger um deputado. Pretendi que o todo nacional tivesse números de vulto, da dimensão do "protesto" que entendia necessário mostrar-se aos partidos que tradicionalmente disputam o exercício do poder. Mas não contribuí, directamente, para a eleição dum deputado BE. Porquê? não vai dar ao mesmo? gaba-se a postura combativa dos que lá estão, mas teme-se que sejam mais? Nem mais. Se o BE crescer ao ponto de se tornar apetecível como partido de coligações, de receber umas secretarias de estado mais tarde um ministério, eu temo(-o) e estarei disposto a votar, lutar, contra ele. É um partido de protesto, de oposição, não mostrou nem mostra qualidades para aspirar a mais. Sendo que, se se modificar, perderá a sua (actual) razão de existir, a sua graça, a sua validade. E o meu circunstancial voto.
Nestas eleições, que são presidenciais, a sua presença é exclusivamente para assegurar fins partidários doutra escala de valor e, numa segunda volta, como muleta dum potencial vencedor, que ele não o é.

Vamos ao resto, comecemos pelo pedantismo embora esteja com a ideia que para o ‘cavaquismo’ a resposta sairá englobada: detesto, abomino mesmo, os discursos do "eu acho que", do "talvez, vamos lá a ver", esse cinzentismo luso-depressivo em que ninguém se quer comprometer, dão-se opiniões deixando réstea de porta aberta para se escapulirem se se virem de calos apertados. Chamo-lhes 'os merdas', os que só se comprometem publicamente tratando-se de taras futebolísticas e, às vezes, nem isso. Quando se tem opinião, diz-se-la, não se anda com rodriguinhos à procura de consensos, de maiorias onde se disfarce a pequenez e se escondam os medos de ser-se gente com espinha direita. Quando tenho opinião não a escrevo com verbos em forma condicional mas sim com a outra, a correcta. Eis o meu pedantismo, com orgulho. Mil vezes um erro de ortografia a um de carácter.

Fiz e apresentei contas de guardanapo, soma e tira tira e põe, extraí resultado e fiz a sua leitura política. Sem calculadora e sem quaisquer complexos disse o que penso desses números, sem tocar a campainhas de santos disse ao deus que se demitisse pois, para além de assim a sua figura sair melhor no retrato – mas isso é um problema dele! -, o interesse político da causa que reclama defender assim o exige. Nem sempre somos vencedores e há que dizê-lo a quem não consegue ver que exibe porte mais para o lado do vencido. Para mim as minhas contas estão certas e sobre elas só terei dúvidas se me apresentarem outras contraditórias mas coerentes. As minhas opiniões valem rigorosamente o mesmo que as dos politólogos de coluna com foto. Quando exerço um discurso em registo sério e responsável a minha opinião não se agacha quando entra na arena um palhaço com um laço maior que o meu. Nesse aspecto não tenho realmente dúvidas nenhumas, pois quando não tenho certezas digo-o de forma clara ou calo-me. Se isso faz de mim um tipo com características “cavaquistas” a sorte é toda do Cavaco em ter-me como modelo que o poderá instruir e melhorar. Sou lúcido para poder escrever(-me) assim.

Espero ter sido suficientemente arrogante. Não gosto de me imprimir com tanta cor mas, picado, uso sem parcimónia o tinteiro.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Vamos falar claro

Todos podemos errar na vida. Mais ainda, há algo de muito humano no errar e, a quem o reconheça e não insista no erro, creio que todos estão dispostos a perdoar. Pior é quando se persiste, persiste, e os prejuízos da teimosia caiem sobre os ombros de todos. Aí, nem os Homens têm razões para lhes perdoar nem a História conjuga esse verbo quando os cita.

Mas primeiro vamos às contas, a seguir falar-se-á nos erros e sua remissão.

Com a impopularidade de que têm gozado as medidas governamentais o Partido Socialista valerá hoje uns trinta, em máximo trinta e cinco por cento de votos fiéis. Destes, metade votará ‘partido’, votará em Mário Soares nas eleições presidenciais de 22 de Janeiro. Portanto MS tem garantidos uns 15% e terá de conquistar mais algum resto que precise e a que se ache com direito. O resto vai maioritariamente para Manuel Alegre, com faixa residual que ainda hesita entre um dos dois e a abstenção. Aqui, na área matriz das suas candidaturas, Mário Soares e Manuel Alegre estão empatados, as mesmas premissas, as mesmas carências e dificuldades, as dum partido que está inegavelmente fraccionado e sem saber para que médico se virar.

Dos cinquenta e pouco por cento da maioria PS de há um ano atrás, os vinte ora fugitivos têm de se dividir em três partes que, por simplicidade e para comodidade de contas serão iguais: um terço está tão zangado com o Governo socrático que tudo o que lhe cheire ‘a socialista’ leva a sonoros espirros alérgicos, e votará numa primeira volta Cavaco ou Jerónimo, Louça ou abstenção; outro terço vota decididamente Cavaco Silva seja em primeira ou em segundas núpcias pois o voto de Fevereiro ’05 foi de protesto pontual à dupla saltimbanca Durão-Santana, regressando assim a casa; e, finalmente, o restante terço está hesitante sem saber bem que fazer, com a forte tentação de canalizar o seu desencanto e protesto num voto ‘alegre’, voto anti, voto puro de protesto. São estes sete a nove por cento que há a conquistar e que decidirão duas coisas fundamentais: se os votos ‘esquerda’ serão suficientes para impedir a direita de ganhar à primeira volta e, cumprido esse primeiro objectivo (ia escrever batalha, soa a dramático mas não é exagerado, não...) se o candidato que emergir deste combate conseguirá, um mês depois, levar Cavaco Silva à reforma antecipada e cerca de metade do país em corrida pró anti-depressivos às farmácias de serviço.

Para não perder o fio à meada, recapitulo: Soares tem 15% e sonha com mais 7 a 9%, e fecha contas; Manuel Alegre partiu com um pouco menos daqueles quinze mas tem ainda um mínimo de mais 10% a seus pés: saiba gerir a sua campanha e tê-los-á. Entre os zangados com o Sócrates e aqueles que lhes faz comichão votar Cavaco Silva ou Mário Soares (razões distintas, mas de peso avultado em cada um dos casos), Manuel Alegre só tem de os conquistar, pois deles não lhe vem declarada hostilidade ou visceral aversão política. E ainda pesca com relativo à vontade nas águas dos camaradas Jerónimo e Louça.
Quinze mais sete ou nove dá vinte e dois ou vinte e quatro, e Soares fecha a sua conta mais optimista (creio que, neste momento, a tal até já chamará de sonho completamente irrealista...).
Alegre tem outra conta, treze garantidos mais sete a quinze por cento que dependem da sua performance, total de vinte a vinte e oito por cento e fecha também a sua.

Portanto, quer Mário Soares quer Manuel Alegre podem vencer as primárias da esquerda. E no outro lado, como vamos?

Como o candidato é único as contas são mais rápidas. Cavaco tem os mínimos habituais de trinta por cento do PSD, mais uns actuais três dos náufragos do Portas, mais os tais sete a nove por centos dos flutuantes (ora fugitivos ao voto para o Parlamento de Fevereiro passado, a tal malta que dá e tira as ‘maiorias’), mais uns cinco que pesca em áreas que não são dos partidos que o apoiam. Trinta e três mais sete a nove dá quarenta, quarenta e dois, mais os tais cinco dá 45 a 47%. Se quer mais tem de os conquistar porque não os tem. É optimista ele pensar que resolve tudo numa primeira e única volta eleitoral, e ele sabe-o. Olá se sabe, não é ele o Homem da Regisconta?

Portanto estamos em Fevereiro, só que agora de 2006 e com a segunda volta das eleições presidenciais nas mãos.

Passa Soares: cheio de adesivos e mercurocromo mas passa. Pelo caminho ficaram Alegre, Jerónimo e Louça. Precisa dos votos deles todos para vencer. Dos votos de “ps’s ressabiados” de Alegre recolhe quase todos mas não faz o pleno: são irmãos, desavindos mas irmãos, mas perderá, porém, muitos dos votos independentes que não se revêem quer em si quer no seu partido-base. Agora os votos pc’s e bloco: quanto aos primeiros, ’06 não é 85, pelo meio houve um muro que derrocou, os dissidentes, a ruína da obediência partidária cega, o tanto tudo que hoje sabemos: não faz o pleno no eleitorado comunista, leva um máximo de cinco por cento. No Bloco de Esquerda o efeito Joana Dias poderá contar e, também por isso, olhar com mais tranquilidade para uns 5% adicionais.
Tudo somado dá contas de arrepiar. Soares dependerá, para os tais “cinquenta e mais um”, quer dos flutuantes que lhe recusaram o voto na 1ª volta, quer dos tantos que procuraram outro candidato por não se reverem nele. As razões para o refúgio no encolher de ombros da abstenção crescem e agigantam-se.

No cenário alternativo passa Alegre. À partida tem o forte élan do feito já conseguido, um sentimento de vitória instala-se, uma auréola de ganhador. Tendo-o conseguido, alia todos os votos partidários PS e é com muito menos dificuldades que aquelas que sentiria Soares que receberá os votos à sua esquerda. Fale-se com um comunista ortodoxo sobre em quem votaria com menos hesitação numa segunda volta (numa escolha Soares/Alegre) e ouça-se a resposta. O Bloco votará alegremente, claro, ele existe para animar as festas.

Portanto chegou a altura de falar claro, dr. Mário Soares. E sabe uma coisa? é V. Exª que tem de o fazer, nós já falamos. Todos. Principalmente nos silêncios. Veja, olhe, a dinâmica ausente da sua campanha, ouça a chacota que os seus adversários já nem escondem, leia outra vez os sinais. E fale. Diga o que sabe que tem de nos dizer. É e sente-se ‘animal político’, então aja assim, sem mais masoquismos, seus, que por teimosia está a impor a “cinquenta e mais um” por cento. Nós seremos (mais uma vez, uma última vez...) pacientes a ouvi-lo.

Não lhe digo mais nada, fecho a sua contabilidade repetindo o primeiro parágrafo: “Todos podemos errar na vida. Mais ainda, há algo de muito humano no errar e, a quem o reconheça e não insista no erro, creio que todos estão dispostos a perdoar. Pior é quando se persiste, persiste, e os prejuízos da teimosia caiem sobre os ombros de todos. Aí, nem os Homens têm razões para lhes perdoar nem a História conjuga esse verbo quando os cita”

Happy Almeirim

Sabem onde fica a Biblioteca Municipal? a 'Marquesa de Cadaval'? Sim, essa mesmo, a de Almeirim, o edifício novo, o "jardim da biblioteca". Zona bonita e que este sábado ainda vai ficar mais bonita, alegre.
Lá pelas nove e meia da noite, no auditório da biblioteca, haverá uma sessão de apoio ao Candidato de Palavra e das Palavras, o poeta que nos encanta, o vate de todo um País. Manuel Alegre, nome que hoje lê-se Futuro e Esperança. Irão estar presentes o seu mandatário distrital, o compositor José Niza, e o músico e membro da sua comissão de honra, Pedro Barroso.
Mas tu irás estar para cantarmos em coro "as trovas do vento que passa" e isso é o mais importante. A voz dos cidadãos. A democracia no seu estado mais puro, germinal. Cidadania renascida. Tu.
(não é incompatível com este momento musical de qualidade que recomendei. Os horários permitem-no e, assim, a noite do próximo sábado será mesmo especial, happy)

as "arruadas"

Eu sei como é que fazia uma arruada do caraças, sei sei...
Com as gajas do Passarelle que estão em vias de ficar desempregadas, mais as do chavascal das matas à beira-estrada, eu digo-vos como é que fazia uma arruada que até o prior vinha ao adro, benzer-se e votar, votar e benzer-se...

terça-feira, janeiro 10, 2006

"A SMS foi enviada"

Enviar um SMS de mobilização e propaganda para quarenta e tal números de telefone da minha agenda pessoal. Ficar a olhar o registo do envio, um a um "a enviar SMS para...", imaginando a reacção de cada nome que aparece no visor. Nomes que anexei, amigos, cada um a sua própria individualidade.
"A SMS foi enviada", fim de citação. Fora este comentário meio incrédulo meio resmungo do que são e do que valerão estes entusiasmos cinquentões. E a minha inocente agenda, que os atura porque (outrora? ainda?) houve momentos em que aqueles nomes gostavam de falar comigo para os pequenos e grandes assuntos que os amigos têm, além, muito além, da mobilização e propaganda...
Entendam-me, eu às vezes desisto disso mas nunca de vocês.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Lyrics & Music


As eleições são só daqui a quase quinze dias. Até lá, em folga às palavras, convido-vos para ouvirem música, também ela com palavras. Da boa e das boas, digo eu que já ouvi uma intervenção deste projecto musical e sou leitor usual do man das Words.
É em Almeirim, a meros dez minutos da A1, terra onde por vezes acontecem coisas giras. Mesmo muito giras.

domingo, janeiro 08, 2006

És

Como se escreve o clap-clap íntimo, que desagua em salva cerrada de sentimentos? como contar e escrever as palmas, dizer-vos que soaram até as mãos doerem, paridas em vida muda de dorida, seca de esperanças, arredias? és Prometeu. Que antes não se reconhecia quando o olhar se elevada e minguava, árido. Também és a Auge do futuro que se quer e sonha. És tu, és.

As palavras e a emoção. O tom, o olhar (principalmente o olhar). Límpido de sinceridade e fé, límpido de quem acredita e, assim, nos faz igualmente acreditar. És.

Eu acreditei. Obrigado. Não! não digo obrigado Manuel Alegre! digo sim que estás a viver o poema mais belo e importante da tua biografia, da tua e da nossa Pátria. Por isso dou-te o crédito que precises e não tenho obrigados que contem e escrevam o meu clap-clap pela esperança que me dás, eu, eu sedento, eu glutão que a sorvo em ávidas golfadas. Tragos doces, fé e futuro finalmente amantes, e, por ti, enfim casados.

Jantar da candidatura, CNEMA, Santarém, 8 de Janeiro de 2006

balanço privado

Fui ignorado. Sei lá se é justo ou injusto. Em verdade, em papel mal fui lido: o meu livro aconteceu como residual e não levantou voo.
Outra verdade, há tantos a escrever tão bem que cada vez mais me convenço que fazer parte do grupo que conseguiu ser editado já é privilégio que ultrapassa o mérito. De tanto blogue ler - em cada bloguista há um potencial 'autor' - sei que há tantos e tantos que escrevem bem melhor que eu e nunca "tocaram na chicha".
Por isso, por ter tido a rara oportunidade de surgir em listas que, afinal, me ignoraram, só por si é suficiente para afirmar que 2005 foi, para mim, um ano editorial óptimo.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

O início do Futuro

Dia 8 começa oficialmente a campanha eleitoral para as eleições presidenciais de 2006. O meu candidato, Manuel Alegre, parte simbolicamente para o nosso Futuro do forte de Peniche, de má memória para ele e para tantos - não esquecer o passado, por favor! - mas inicia formalmente a sua campanha pela visita ao distrito de Santarém. E, neste, o primeiro concelho que visitará será o meu, Almeirim. Não é descabido dizer que estou orgulhoso com esta (feliz) coincidência.
No próximo domingo vou/vamos dar o abraço mais desejado dos últimos tempos. E, até lá, temos muito que fazer: por exemplo inundar terras e terrinhas de papelinhos iguais a este, dar a boa nova a todos. É que o nosso futuro está a começar e ninguém se deve deixar atrasar neste carinhoso empurrar do homem de Palavra e das Palavras para Belém. Se ele o merece, Portugal ainda o merece mais.

Post para bloguistas

O cansaço num blogue vem quando se percebe que é bem vindo ter bocados “com os seus botões”, sem ter de ir a correr contá-lo. Daí ao ficar-se sem assunto, é um passo que acontece. Uma sondagem informal junto deles, botões, revela margem favorável ao andarem apertados, com o senão que tolhem os movimentos dos braços.
Um pouco como na vida ‘real’, quando chegamos à conclusão que mais vale ‘falar com os seus botões’, ao complicado abrir da boca que, higienicamente falando, por vezes é prejudicial por ameaçar pôr em causa uma sanidade em que se acreditava, sem contestação vislumbrável.
O cansaço de encher a rua de panfletos, imaginar-se como cenário o de, no ‘nosso’ café, caso lá houvessem leitores do blogue, suporem-se indisponíveis para nos ouvir se, assim, lá abríssemos a boca. Não é muito irreal imaginá-los a evitarem falar connosco das coisas aparentemente mais simples do mundo, ser-se como uma metralhadora sempre ligada e municiada, um daqueles chatos com a mania de que têm razão em tudo, seja qual for o tema. Até podemos tê-la (é o meu caso) mas não se deixa de se ser um chato do caraças, aceito e reconheço. É isto o que às vezes penso de mim, bloguista.
Caramba! já dei por desejar ser apenas leitor em troca com o escrever num blogue. Também conheço a fase de não ler mais que meia dúzia, volta não volta uma corridinha rápida em volta: como por exemplo este ano – calma, hoje é ainda a madrugada do dia quatro e ainda me recomponho! muito preguiçosamente mas a saber-me extraordinariamente bem vou com o score dum máximo duma dúzia de visitas a territórios alheios em três dias, e sempre aos mesmos (aqueles hábitos mínimos tão indefectíveis e indispensáveis como o tabaco, o café da manhã, imaginarmo-nos bem sucedidos ou a quem saiu uma fortuna ao jogo; soma-se e dá como igual à rotina mínima para afirmar-se a nossa individualidade).
Há a célebre e odiada tirada “este blogue acaba aqui” e eu sou dos que lhe dedicam maus sentimentos. Como se, tendo-se um acidente de carro se passasse a andar precavidamente só a pé, comboio, barco ou avião. Mais, os botões não têm muitos gigas de memória e a prova de que o blogue é(-me) mais que curricular é este ser o segundo post-lençol que faço no meu período sabatino, com a diferença de que este é publicado. Portanto o meu blogue nem morre nem está doente: está só cansado.
Fico-me pela justificação do cansaço, real e reconhecível. Este mês, daqui a umas duas semanas mais ou menos, faço dois anos como bloguista. Esperanças, sonhos, irritações, uma segunda vida que nasceu e cresceu, com momentos em que afogou totalmente a outra. Em tempo, atenção, importância. Claramente sem equilíbrio, a não haver tempo que chegasse sequer para um bloganço atento, quanto mais para a outra vida que não se apaga assim com um estalinho de dedos. Começa-se a pensar em botões e no que eles nos querem desabafar, tão inchados que andam. Até poderão ser conversas de ninharias, coisas que são de somenos importância para quase toda a gente excepto para quem vive sequioso por inspirações que alimentem o dia-a-dia dum blogue e transforma suspiros e caneladas, suas ou alheias, em editorial diário. Eu andava com saudade dum período assim, reconheço-o hoje ao escrever sobre ele e ao bem que me soube, quase a brisa que refresca quem se sente afogueado, cabelos soltos, uma fragrância que cativa, liberdade.
Um dia destes, amanhã, não, outro post vai aparecer. Provavelmente uma parvoíce qualquer acerca do quotidiano ou do até então inimaginável como tema para mais de dez segundos de reflexão, que se defende à boa maneira bloguista com a, crê-se, melhor argumentação do mundo. Rotina, a outra. Mas andava com saudades de ‘variar’, férias, fins de semana prolongados. Estou a viver um.
Não deixo alongar mais a minha má-criação com o estender do Janeiro: obrigado a todos que, aqui ou por mail, desejaram ao blogue e a mim mil e uma felicidades. A alguns retribuí nos seus cantos, noutros em mail de resposta, à maioria nada deverei ter dito e não fiz um post específico destas festas. Daí este desconforto que, a final, tento dar fim. Digo-vos que me senti muito satisfeito por se lembrarem de mim, do Gil e do "Xicuembo". Até houve dois blogues que deram prémios-prendas ao blogue e nesses deixei escrito agradecimento vaidoso (sem links externos, tenho-os cá dentro). Não foi um ano do caraças, foram dois. Que o próximo vos seja tão bom como aquele que desejo para mim - blogues incluídos.

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